Um ano se passou. É preciso ir direto ao ponto: até quando
as pessoas responsáveis deste país e aquelas com voz de comando continuarão a
fechar os olhos ou a bater palmas para o circo macabro de terraplanistas
desvairados que tomou conta do Ministério da Educação?
Isso não é assunto de véspera de Natal, me desculpe, mas há
coisas tão absurdas sendo feitas que não dá para ficar discutindo as
uvas-passas.
A educação no Brasil —em situação crítica e com resultados
lastimáveis, apesar de alguns avanços— foi dominada neste ano, no plano
federal, por uma caravana de alucinados seguidores de um charlatão de filme B,
tendo como resultado o que não poderia ser outra coisa. Como bem mostrou o
repórter Paulo Saldaña, nesta Folha, caos administrativo, paralisia, baixa aplicação
de recursos, falta de rumo, tudo embalado no discurso biruta de que estamos,
pelo menos, livrando as criancinhas da ameaça gayzista e comunista.
Aliados aos lunáticos, os espertalhões de sempre aproveitam
para ganhar ou ampliar boquinhas com a abertura das portas para o lobby do
setor privado. Uma balbúrdia só.
Jair Bolsonaro mantém, ao que parece, a aposta na
irresponsabilidade ao classificar de “excelente” a gestão de Abraham Weintraub,
que goza atualmente as mais imerecidas férias de que se tem notícia e que se
alguma coisa de excelente fez foi estimular vergonha alheia na internet.
Na transição, em 2018, insinuou-se um surto de bom senso
quando foram cogitadas pessoas que, pelo menos, tinham algum conhecimento ou
afinidade com o setor. Venceu, porém, a insensatez. Especula-se que Weintraub
talvez perca o cargo na volta das férias —seria o segundo a sofrer a degola
nesta gestão–, mas apenas para ceder a vaga para médico veterinário Onyx
Lorenzoni, que deixaria a Casa Civil.
Tratar a educação como refugo de quem não tem mais o que
fazer —governos anteriores também agiram assim— ou como abrigo de napoleões de
hospício é brincar com coisa muito séria. É hora de acordar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário