Nosso desafio central continua sendo a retomada vigorosa do
crescimento e a geração de empregos. A taxa de desemprego no Brasil fechou o
terceiro trimestre em 11,8%, atingindo doze milhões e meio de brasileiros. O
número de pessoas ocupadas cresceu, porém, novo recorde de informalidade foi
verificado, são atividades de baixa qualificação e conteúdo tecnológico,
salário médio menor e sem cobertura previdenciária. E há também a informalidade
high tech quando milhões de brasileiros procuram seu sustento na UBER ou no IFood.
Por um lado, o avanço tecnológico gera empregos, como nos
casos da UBER e do iFood. Entretanto, a Amazon, as fintechs e os bancos
digitais, entre outros, têm efeito líquido negativo sobre o nível de emprego,
embora mobilizando mão de obra qualificada com salários maiores.
A crise das duas maiores redes de livrarias brasileiras, a
Saraiva e a Cultura, que fecharam lojas e demitiram funcionários, certamente
tem a ver com a facilidade de se comprar livros sem sair de casa. Já os bancos
virtuais e as fintechs finalmente ameaçam afetar a concentração no setor
financeiro, podendo, caso consolidados, baratear o crédito e desonerar as
empresas e as pessoas das taxas sobre serviços financeiros. Mas é evidente que
os cinco grandes bancos brasileiros, que concentram 85% do crédito, se ajustam
e fecham agências e demitem funcionários.
Os sinais atuais da economia brasileira são contraditórios.
A inflação e os juros estão baixos. Mas a taxa de crescimento do PIB não deve
chegar a 1% e a capacidade ociosa na indústria continua alta. O câmbio se
desvalorizou: o que é bom para as exportações e ruim para os preços do
componente importado inclusive máquinas, equipamentos, medicamentos, serviços
tecnológicos e insumos essenciais. Além disso, haverá, em 2019, uma expressiva
fuga de capitais estrangeiros da Bolsa de Valores. Apesar da melhoria do
ambiente institucional com a Lei do teto dos Gastos, as Reformas Trabalhista e
Previdenciária, a confiança do investidor na economia brasileira ainda não se
firmou. Mostra disso foi a frustração das melhores expectativas em relação ao
recente leilão do pré-sal.
A retomada de um crescimento vigoroso e sustentado depende
do equilíbrio fiscal do setor público como um todo, que hoje é o calcanhar de
Aquiles a abalar as expectativas dos investidores. E também, da melhora da
percepção e da confiança na economia brasileira, não só dando continuidade às
grandes reformas – o restante da previdenciária, a tributária e a
administrativa, as privatizações, como prosseguindo nas reformas
microeconômicas como o cadastro positivo, o projeto de lei da liberdade
econômica, as mudanças no marco regulatório das telecomunicações.
Há, como sempre, ameaças e oportunidades. Mas é preciso
também um pouco de juízo. A irresponsabilidade fiscal, a quebra de contratos,
os controles artificiais de preços e as iniciativas heterodoxas do Governo
Dilma ainda estão vivos na memória dos agentes econômicos relevantes. Neste
sentido, declarações improdutivas e agressivas contra outros países, atitudes
impensadas como a do prefeito Marcelo Crivela de resolver, na marra, os
impasses com a concessionária da Linha Amarela ou a tentativa da Assembleia de
Goiás de reestatizar a Enel, distribuidora de eletricidade comprada por
investidores italianos, não ajudam.
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