Relator da proposta de Orçamento da União para 2020, o
deputado Domingos Neto (PSD-CE) enfiou dentro do seu relatório uma emenda que
eleva de R$ 2 bilhões para R$ 3,8 bilhões o fundo eleitoral. O dinheiro será
usado no financiamento das eleições municipais do ano que vem, quando serão
escolhidos prefeitos e vereadores.
Numa tentativa de se proteger dos trovões e raios que o
partam que chegam pelas redes sociais, Domingos Neto muniu-se de um documento
revelador. Trata-se de um pedido suprapartidário de elevação da caixa
eleitoral. Escancara uma evidência incômoda: a desfaçatez não tem ideologia.
Assinam a requisição da nova emboscada contra o bolso do
contribuinte 13 partidos. São eles: PP, MDB, PTB, PT, PSL, PL, PSD, PSB,
Republicanos, PSDB, PDT, DEM e Solidariedade. O relatório de Domingos Neto será
votado nesta quarta-feira na Comissão de Orçamento. Depois, segue para o
plenário do Congresso.
Considerando-se a ausência de debates, os defensores da
ideia de transformar o fundo eleitoral num fundão desejam que você faça como
eles: se finja de bobo pelo bem das eleições.
Para quem está no Congresso, a pose de desentendido é
corriqueira. Mas o convite ao cinismo é duro de roer na fila do desemprego, nos
corredores dos hospitais ou nas salas precárias das escolas públicas.
Nesses ambientes, marcados pela penúria, o Brasil é um país
muito distante de uma democracia representativa. Ali, os males sempre vêm para
pior.
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