Paralelamente à fase dois das reformas econômicas, o governo
Jair Bolsonaro começa a mirar o social a partir deste ano. A preocupação é da
ala política, mas já chegou à equipe de Paulo Guedes, que passa a usar
expressões como “capitalismo social” para designar um conjunto de propostas que
começam a ser desenhadas para tirar da oposição o discurso de que Bolsonaro não
combate a desigualdade.
O capitalismo “social” ou “popular”, como vem sendo chamado
nos briefings do governo, significa “transferir riqueza para as pessoas, não só
renda”. Vem aí, nesse espírito, o anúncio do remodelamento do Minha Casa Minha
Vida, que já começou a ser debatido entre os ministérios do Desenvolvimento
Regional e da Economia e representantes das construtoras. O nome-fantasia que
vem sendo usado nesses encontros é Casa Amada Brasil, que remete ao slogan de
pegada “militar” do governo. Não é definitivo, me dizem os participantes das conversas.
Também ainda não há consenso sobre o modelo de financiamento
das novas moradias: se mantendo o que vigorava no Minha Casa Minha Vida, ou
adotando os vouchers, saída que é defendida pelo ministro Gustavo Canuto, mas
tem resistências na equipe econômica e nas próprias empreiteiras.
A intenção, como sempre, esbarra na realidade: se nem as
reformas que vão aprofundar o ajuste fiscal estão garantidas, e o teto de
gastos é ainda mais restrito neste ano, dificilmente sobrará dinheiro para o
capitalismo social sair do discurso.
Congresso volta cobrando os ‘boletos’ de 2019
Não são poucos os queixumes regionais de deputados e senadores na “volta das férias” do Congresso. Acumulam-se nos ouvidos dos ministros queixas de que emendas prometidas não foram liberadas, e soluções encaminhadas para problemas de prefeitos e governadores ficaram esquecidas nas promessas de ano-novo. Nesse clima, o governo pode até ter uma trégua para aprovar medidas emergenciais como a da quarentena do coronavírus, mas as reformas tendem a dormitar em algum escaninho.
Não são poucos os queixumes regionais de deputados e senadores na “volta das férias” do Congresso. Acumulam-se nos ouvidos dos ministros queixas de que emendas prometidas não foram liberadas, e soluções encaminhadas para problemas de prefeitos e governadores ficaram esquecidas nas promessas de ano-novo. Nesse clima, o governo pode até ter uma trégua para aprovar medidas emergenciais como a da quarentena do coronavírus, mas as reformas tendem a dormitar em algum escaninho.
Ministros ‘tocadores’ tentam minar poder dos ‘combatentes’
Uma nova divisão vai se configurando na Esplanada dos Ministérios, à medida que avança o mandato de Jair Bolsonaro e alguns resultados vão se consolidando. Existe hoje o grupo que se autointitula dos “tocadores”, e se contrapõe ao dos “combatentes”, cuja influência junto a Bolsonaro é inversamente proporcional à capacidade de gestão.
Uma nova divisão vai se configurando na Esplanada dos Ministérios, à medida que avança o mandato de Jair Bolsonaro e alguns resultados vão se consolidando. Existe hoje o grupo que se autointitula dos “tocadores”, e se contrapõe ao dos “combatentes”, cuja influência junto a Bolsonaro é inversamente proporcional à capacidade de gestão.
Ministros da primeira ala, que inclui militares, técnicos e
políticos, aconselharam Bolsonaro a demitir Abraham Weintraub (Educação),
Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Onyx Lorenzoni (Casa Civil). Bolsonaro chegou
a ser convencido a tirar Weintraub, mas mudou de ideia diante do “combate” (daí
o apelido do grupo) que ele trava com “inimigos” do presidente.
Um ministro dá o código da lógica bolsonarista: quanto mais
a imprensa bater, mais Bolsonaro fortalecerá o grupo, ainda que haja problemas
concretos. O temor dos ministros do outro lado é de que o desastre seja
debitado depois na conta reeleitoral de Bolsonaro.
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