Entre algumas boas notícias que surgem nessa pandemia,
destaco a decisão da empresa israelense Medtronic de liberar os direitos de
seus respiradores, permitindo que sejam produzidos livremente no mundo.
Essa questão das patentes foi uma das mais delicadas e
difíceis no tempo da AIDS. Alguns países, no auge da crise, precisavam das
drogas e não havia como pagar o que os laboratórios queriam. Foi necessária
muita negociação e, em alguns casos, a pura e simples quebra das patentes.
Infelizmente na pandemia de coronavírus muitos produtos,
sobretudo os equipamentos de proteção individual, são produzidos na China e não
há tempo hábil para converter algumas indústrias brasileiras para suprir essa
falta.
O grande problema no mundo é a demanda por equipamentos de
proteção individual e respiradores.
A Bahia comprou alguns respiradores da China mas eles
pararam nos Estados Unidos. Possivelmente, a empresa chinesa recebeu uma oferta
maior e decidiu romper o contrato com a parte brasileira.
Cerca de 40 cargueiros americanos foram a China para
transportar os equipamentos médicos. Houve reclamação na França e o Brasil
também foi postergado.
Algumas pessoas acham que há algo de ideológico nisto tudo.
Mas é uma ilusão. Os chineses estão buscando o melhor preço. Se a questão fosse
ideológica não destinariam a principal parte de sua produção para os EUA.
Não está havendo uma cooperação internacional à altura.
Trump segue fiel ao seu slogan, America First, e está fazendo tudo para se
abastecer em grande escala.
Apesar de tudo, creio que talvez fosse possível acionar a
indústria do vestuário para um esforço de guerra. Ela poderia produzir máscaras
e equipamentos de proteção individual.
Onde isto é mais difícil é no campo dos testes. A Fiocruz
está produzindo mas dependemos de insumos estrangeiros e todos os países que os
têm relutam em exportar.
Soube que existem mais de três mil respiradores danificados
no Brasil. Não tenho condições de confirmar o número. Mas sei que uma prática
comum em nosso sistema de saúde ter dinheiro para comprar e não conseguir fazer
a manutenção.
É preciso um esforço nacional para recuperar o equipamento
que ainda possa ser usado. E também é preciso aprender a lição. Mandetta
considera este problema um problema de soberania nacional, ter condições
internas de enfrentar uma pandemia, com o mercado retraído no mundo inteiro.
Um bom ponto de partida seria avaliar todo o equipamento
estragado ou ocioso no Brasil e recuperá-lo. E não mais deixar que as coisas
estragarem e sejam abandonadas.


Nenhum comentário:
Postar um comentário