segunda-feira, 6 de abril de 2020

DIÁRIO DA CRISE XIV

Artigo de Fernando Gabeira
No princípio da quarentena, há quase três semanas, dei uma volta de bike na Lagoa. Um homem perguntou pela minha máscara. Ele era o único a usar máscara. Não voltei para respondê-lo mas apertei o pequeno frasco de álcool gel no bolso: era minha defesa.
Seguia orientação inicial da OMS que aconselhava máscara apenas para quem estivessem doente ou os seus cuidadores.
Creio que firmaram esse posição por dois motivos: queriam evitar corrida às mascaras, para evitar que os necessitados não a tivessem. E temiam que a máscara transmitisse uma falsa segurança, fazendo que a pessoas descuidassem de outros itens.
O crescente debate sobre o tema mudou minha posição. Hoje, reconheço que algumas pessoas com máscara no vôo de Fernando de Noronha para o Rio estavam mais protegidas do que eu.
Na escala em Recife, uma lanchonete do aeroporto vendia máscaras bem rudimentares. Perguntei pelo preço e disseram R$ 4,00. Eu sabia que custavam no máximo 50 centavos e resolvi comprá-las fora de aeroportos.
Mas na verdade não sai mais de casa. Ninguém espirrou no avião. Mas um vídeo científico usando câmeras super sensíveis me convenceu que o problema das gotículas cheias de vírus não depende apenas do espirro.
Espirro, tosse e conversa são igualmente perigosos pois os três lançam as gotículas, só que em quantidades diferentes e a distâncias diferentes.
O mais interessante foi ver no vídeo como as gotículas se espalham no ar e como podem realmente contaminar quem estiver perto.
Aliás, o mesmo vídeo mostra a importância de janelas abertas pois é através delas que as gotículas saem do ambiente e o perigo fica menor.
É claro que as máscaras não são uma blindagem perfeita. Mas nessas atmosferas fechadas, sobretudo em supermercados, são uma forma válida.
Portanto, se tiver que ir à rua fazer compras, creio que abandonarei a orientação da OMS e improvisarei máscara com pano e elástico de cabelo.
Até que a indústria brasileira comece a produzí-las maciçamente, coisa que já deveria estar fazendo, teremos de improvisar.
Tenho máscara estilo Ninja em casa, usada nos tempos em que viajava de moto: protegia contra o frio e o vento. Talvez sirva também, mas um pouco adiante, no inverno. No momento, é impraticável.
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