As opiniões sobre o governo de Jair Bolsonaro estão mais
extremadas, mostra
pesquisa Datafolha. Não se trata de notícia inesperada num país que
enfrenta simultaneamente graves crises sanitária, econômica e política.
Não há indícios, por ora, de que a imagem nada presidencial
de Bolsonaro possa melhorar. Mas muda em parte o perfil daqueles que o aprovam
e desaprovam.
Para 43% do eleitorado, o mandatário faz um governo ruim ou
péssimo. Em dezembro de 2019, ele era reprovado por 36% dos brasileiros, que
então já conheciam havia um ano o modo de operar presidencial, mas nenhum sinal
de epidemia.
A gestão é ótima ou boa para 33%, basicamente o mesmo
percentual de dezembro (30%). Agora, menos a consideram, com mais moderação,
regular —22%, ante 32% em fins de 2019. O Brasil se divide mais.
Bolsonaro mantém um terço do país a seu lado. Mas mudou o
perfil social de seu apoio, que conta agora com mais eleitores pobres. As
mulheres têm maior rejeição ao presidente, assim como os mais jovens e pessoas
de até 44 anos.
Ele passou a ruim ou péssimo para 56% entre aqueles com
ensino superior, ante 36% em dezembro. No grupo com escolaridade básica, há
empate de 36% entre aprovação e reprovação, quando em dezembro a segunda
superava a primeira em dez pontos percentuais.
Bolsonaro avançou entre os que recebem menos de dois
salários mínimos, caindo nos demais estratos de rendimento. Ganhou adeptos no
Nordeste e perdeu no Sul.
As semanas de panelaços em bairros nobres das maiores
cidades brasileiras eram um sinal do desprestígio do chefe de Estado, que
cresceu com a epidemia e a sabotagem dos esforços para combatê-la.
Ser favorável ou não ao distanciamento social, de resto,
define em grande parte a posição do eleitor. Entre os favoráveis a um
“lockdown”, o presidente é ruim ou péssimo para 57%; entre os que recusam a
medida, para 22%.
O motivo da adesão a Bolsonaro de parte dos eleitores de
baixa renda e poucos anos de escola parece mais obscuro. O auxílio emergencial
na pandemia seria uma explicação, mas ter recebido, pedido ou ficado sem o
benefício quase não muda a opinião sobre o presidente.
Brasileiros infectados ou que conhecem vítimas da Covid-19
reprovam mais o mandatário, e a epidemia seguirá por meses. Emprego e renda
desabarão. O auxílio emergencial deve cair em dois meses.
Tudo mais constante, não se vê perspectiva de melhora do prestígio cadente de Bolsonaro —nem de menos polarização.
Nenhum comentário:
Postar um comentário