Tanques e likes empurram Bolsonaro para o tudo ou nada
Jair Bolsonaro é hoje consideravelmente mais impopular do
que era um mês atrás. Atualmente, há muito mais brasileiros que consideram o
governo ruim ou péssimo do que gente que aprova seu desempenho. O presidente
agora se equilibra em cima de tanques e diante de uma base cada vez mais
fervorosa.
O governo nasceu sob a expectativa positiva de 65% dos
brasileiros, segundo uma pesquisa feita antes da posse. Bolsonaro rapidamente
jogou fora essa boa vontade e se acomodou sobre uma divisão dos brasileiros em
três terços, que consideravam o governo bom, regular e ruim.
O arranjo estava longe de ser confortável para qualquer
político, mas deu alguma estabilidade a um presidente que cometeu barbaridades
diárias e se mostrou incapaz de apresentar um programa minimamente coerente
para o país.
Os números da última pesquisa Datafolha, realizada nos
últimos dias, mostraram que esse panorama mudou. As crises sanitária, política
e econômica empurraram uma fatia razoável de brasileiros para o campo crítico a
Bolsonaro. A proporção de entrevistados que rejeitam o governo subiu para 43%,
enquanto sua parcela de apoiadores se manteve em 33%. A diferença entre os dois
percentuais representa cerca de 20 milhões de pessoas.
Bolsonaro recorreu a outros métodos para preservar seu
poder. Passou a fazer acenos ainda mais frequentes às Forças Armadas e lançou
ameaças abertas de intervenção militar. Nesta quinta (28), o presidente
divulgou um discurso favorável a uma ação fardada sobre o STF. Nenhum
comandante o contestou.
O atrevimento golpista serve para demonstrar força, intimidar autoridades e energizar uma base crescentemente identificada com seu líder. A maioria do núcleo bolsonarista concorda com a ideia de armar a população, apoia a participação de militares no governo e acha que o presidente só queria melhorar sua segurança pessoal —e não interferir na Polícia Federal. Esse grupo empurra Bolsonaro para o tudo ou nada.
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