Carla Zambelli (PSL-SP) tem uma trajetória relâmpago na
política. Em 2016, era responsável pela fila do banheiro durante os atos
pró-impeachment da presidente Dilma Rousseff. Hoje, a deputada federal antecipa
operações da Polícia Federal e se gaba até de influenciar a indicação de nomes
para o Supremo Tribunal Federal (STF). Eleita com 76 mil votos, e em seu
primeiro mandato, Carla não integra o núcleo duro do governo, mas está entre os
seus mais fiéis escudeiros. Assim como a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR)
defendia o ex-presidente Lula, Carla é uma espécie de pitbull de Bolsonaro.
“Já tem alguns governadores sendo investigados pela
Polícia Federal”, Carla Zambelli, deputada federal
Em seu afã de mostrar serviço, porém, ela mais atrapalha do
que ajuda. A troca de mensagens com o então ministro da Justiça Sergio Moro,
onde tentava convencê-lo a ficar no cargo, acabou revelando a interferência de
Bolsonaro na Polícia Federal. Semanas depois, ela acusou Moro de ter perseguido
o PT e poupado o PSDB na Lava Jato. Com isso, sem querer, endossou a versão
petista de que Moro foi parcial em seus julgamentos.
Na segunda-feira (25), em entrevista à Rádio Gaúcha, a
deputada foi além: acusou Moro de “segurar” operações da PF. “Na semana em que
ele saiu do Ministério da Justiça, o presidente colocou delegados da PF e a
gente já teve algumas operações que estavam na agulha para sair, mas não
saiam”, disse Carla, em mais uma revelação da interferência presidencial na PF.
“E a gente deve ter nos próximos meses o que a gente vai chamar de Covidão, ou
de, não sei qual é o nome que eles vão dar, mas já tem alguns governadores
sendo investigados pela Polícia Federal.” Deflagrada no dia seguinte para
investigar irregularidades em contratos ligados ao combate da Covid-19, a Operação
Placebo teve como alvo o governador Wilson Witzel (PSC-RJ), adversário de
Bolsonaro. Carla negou que tenha tido acesso antecipado às informações. A
defesa do presidente a qualquer preço lhe rendeu um problema: na quarta-feira
(27) foi alvo da operação da PF que investiga as “fake news”, Carla foi
intimida a prestar depoimento.
Moro, o padrinho
Em fevereiro, o então ministro Sergio Moro foi padrinho do casamento de Carla com o coronel Aginaldo de Oliveira, diretor da Força Nacional de Segurança. A celebração, com a presença também do ministro Abraham Weintraub e da primeira-dama Michelle Bolsonaro, foi realizada numa loja maçônica e desagradou católicos e evangélicos da base bolsonarista, que criticaram a atitude da deputada, que se diz católica e conservadora.
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