Diário da Crise LXXIII
De máscara e respeitando o distanciamento social, pela
primeira vez, desde o 17 de março, sai para uma volta de bicicleta na Lagoa.
Fez bem para o corpo e para a alma. Mas a situação geral
ainda é muito complicada. Estamos relaxando as medidas da quarentena sem que
tenhamos ainda domado a epidemia
Isso me preocupa. Assim como me preocupam as manifestações
de rua. No Brasil, não são tantas. Mas nos Estados Unidos são manifestações
diárias, com gentes de todas as idades.
Pode ser que uma nova onda de coronavírus aconteça por lá,
sem que a primeira tenha sido superada completamente.
Novas manifestações pela democracia têm surgido no Brasil.
Agora há uma iniciativa de atletas de várias modalidades que pretendem se
manifestar contra projetos autoritários e também contra o racismo.
Uma pessoa jovem e querida me perguntou hoje o que é o
fascismo. Ela estava vendo muitas manifestações antifascistas na internet.
Creio que está na hora de resenhar o livro de Umberto Eco,
intitulado O Fascismo Eterno. Eco viveu o fascismo como criança na Itália e viu
o regime ser derrubado com a vitória dos aliados na II Guerra e entrada dos
americanos na sua terra natal.
O livrinho, digo isso porque tem apenas 63 páginas com
algumas com algumas frases em corpo maior, é resultado de uma conferência que
ele fez nos Estados Unidos.
O mais interessante para o Brasil são as principais
características do fascismo que ele descreve em seu livro, advertindo que nem
todas precisam ser presentes para que um regime seja considerado fascista.
São 14 características e assim que tiver um tempo vou
mostrar quais estão presentes no Brasil, numa adaptação tropical que Luiz
Werneck Vianna chamou de fascismo tabajara, num inspirado artigo sobre o tema.
A recusa da modernidade, a obsessão com teorias
conspiratórias o pavor da cultura, tudo isso estava presente no fascismo.
Surgiu nos EUA também o movimento antifas que é a
abreviatura de antifascismo. Trump quer classificá-lo de terrorista, mas não
vai conseguir facilmente.
Aqui no Brasil, um deputado bolsonarista pediu na rede que
lhe mandassem o nome de um verdadeiro antifascista, com retrato e identidade.
Dizem que recebeu uma foto do jogador Vampeta pelado. Por isso que o Werneck tem razão quando fala do fascismo tabajara, ele nos amedronta e faz rir ao mesmo tempo.
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