Diário da Crise C
Segunda-feira meio cinzenta. Parece que o sudoeste trouxe
uma frente fria, para os padrões do Rio, e o sol deve voltar só no fim de
semana.
O Ministro da Educação, Decotelli, vive seu inferno astral.
A Universidade de Rosário negou que ele tivesse feito doutorado por lá. Ele
apagou o doutorado em Rosário de seu currículo. Mas se esqueceu de apagar o pós
doutorado em Wuppertal, na Alemanha. Resultado, teve de apagar isto também. Sua
posse foi adiada.
Decotelli além desses problemas assinou um edital de compra
de computadores quando dirigia a FNDE (Fundação Nacional do Desenvolvimento da
Educação) muito estranho. Era para compra de R$ 3 bilhões em computadores.
Havia escolas do interior de Minas que receberiam cinco computadores por aluno.
O edital era tão grosseiro que foi anulado.
Por acaso, vi um filme sobre Wuppertal ontem. É uma cidade
com aqueles veículos suspensos, muito fotogênica. Terra de uma das maiores
artistas da dança mundial: Pina Baush. Alguns brasileiros estudaram com ela.
Levam a cultura muito a sério, logo a universidade de lá
deve ser muito boa.
É uma pena que Decotelli tenha escrito todas essas coisas em
seu currículo. Não era necessário para ocupar o ministério. Mas o fato de ter
escrito torna a situação constrangedora até para nós que temos de comentá-la.
Governo estranho esse. Parece que há uma caveira onde
deveria haver uma vida luminosa: o Ministério da Educação.
A semana começa com esse baque. Dizem que Decotelli foi indicado pelo setor pragmatismo, em choque com a ala ideológica. Parece que tudo ali é muito complicado, todas as alas fazem trapalhadas.
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