Jair Bolsonaro entregou mais um anel ao centrão na bufonaria
que promove com cargos públicos para tentar blindar seu mandato. Nomeou para a
Secretaria de Vigilância do Ministério da Saúde —área nevrálgica no combate à
pandemia— um afilhado político dos partidos com os quais negocia verbas e
postos-chave em troca de apoio.
Mais de uma dúzia de posições foram franqueadas pelo Palácio
do Planalto a essas legendas desde que as fagulhas do impeachment passaram a
chispar mais alto. Outras secretarias da própria Saúde são objeto da cobiça, e
a presidência da Funasa foi parar nas mão do PSD.
(Aliás, sob a interinidade do general Eduardo Pazuello, o
Ministério da Saúde passa por uma extravagante mutação e adquire feições
híbridas entre o fisiologismo político e a burocracia militarizada. Já são ao
menos 26 fardados no órgão.)
Na barganha desmedida, o Banco do Nordeste ganhou novo
presidente na terça-feira (2) para perdê-lo na quarta. Passou despercebida
pelos arapongas da Abin uma investigação do TCU sobre malfeitos do nomeado. Com
a divulgação do caso, o Planalto determinou a demissão. Há um mês, no entanto,
deu de ombros ao saber que, dias após a nomeação do novo diretor-geral do
Dnocs, o deputado que o apadrinhou foi alvo de operação policial.
Embora custe pontos à popularidade cadente de Bolsonaro
—segundo o Datafolha, 67% dos eleitores avaliam que o presidente age mal ao
negociar com o centrão—, os préstimos do bloco têm sido satisfatórios. Há seis
meses dormita no Conselho de Ética o caso em que o deputado Eduardo Bolsonaro
cogitou a volta do AI-5. Os novos capangas de Bolsonaro frearam tentativas de
ampliar benefícios a trabalhadores afetados por cortes de salários, o que
afetaria as contas públicas.
O centrão paz, amor e cargos também desistiu da disputa de R$ 25 bilhões do orçamento impositivo. Em fevereiro, Augusto Heleno (GSI) xingou parlamentares e acusou-os de chantagem na briga pelos recursos.
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