Agora que a pandemia ultrapassa as 60 mil vítimas, o
prefeito de Itabuna informa: “Mandei fazer o decreto que no dia 9 abre. Morra quem
morrer”.
A frase de Fernando Gomes choca pela sinceridade, não pelo
conteúdo. De norte a sul, o país assiste a uma reabertura geral do comércio. A
doença ainda está fora de controle, mas muitos políticos resolveram fingir que
o vírus sumiu.
É o caso do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha.
Em abril, ele tornou obrigatório o uso de máscaras. Nesta quinta, descumpriu o
próprio decreto e desfilou de cara limpa em agenda oficial.
O governador se elegeu com o discurso da “nova política”,
mas age como o prefeito de Itabuna, no poder desde a ditadura. Quando Gomes
estreou no cargo, em 1977, o Brasil ainda era governado pelo general Ernesto
Geisel. Aos 81 anos, ele exerce o quinto mandato municipal.
A biografia do prefeito é recheada de fatos notáveis. Em
1991, a revista “Veja” o descreveu como o “marajá dos marajás”. Ele recebia o
equivalente a US$ 17.600, seis vezes mais que o então governador da Bahia. Além
disso, empregava cinco parentes na prefeitura.
Orgulhoso, Gomes abriu a casa e posou diante da piscina,
decorada com uma cascata artificial de quatro metros de altura. A reportagem
conta que ele cativava eleitores com a distribuição de dinheiro vivo.
O prefeito já tentou dividir a Bahia e criar o estado de
Santa Cruz. Para barganhar votos no Congresso, prometeu ceder um trecho do
litoral a Minas Gerais, que finalmente ganharia saída para o mar. O objetivo,
claro, era candidatar-se a governador. A ideia naufragou, mas ele continuou a
dominar a política municipal.
Itabuna tem 213 mil habitantes e um desempenho trágico na educação. Entre 5.570 municípios brasileiros, amarga o 5.184º lugar na avaliação do fim do ensino fundamental. A cidade já registrou 67 mortes e está com todos os leitos de UTI lotados. No vídeo do “morra quem morrer”, o prefeito aparece de máscara no queixo.
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