Fachin vê, como todos, e diz, como poucos, sobre futuro
contaminado por despotismo
A repercussão negada pelos jornalistas não nega ao exame da
atualidade pelo ministro Edson Fachin, do Supremo, a condição de mais
importante pronunciamento de um integrante das altas instituições brasileiras,
ao menos desde iniciado o governo Bolsonaro, se não desde a queda de Dilma
Rousseff.
A “recessão democrática” ainda não recebera nada no nível
adotado por Fachin, exceto em parte pelo ministro Celso de Mello.
Objetivo como os magistrados evitam ser, claro e simples
como os magistrados detestam ser, franco e lúcido como deveriam ser as
considerações necessárias dos magistrados, Fachin advertiu que “as eleições de
2022 [as presidenciais] podem ser comprometidas se não se proteger o consenso
em torno das instituições democráticas”. Proteger de quê ou de quem?
O diagnóstico é forte e destemido: há “uma escalada do
autoritarismo no Brasil após as eleições de 2018”, gerada pela existência de
“um cavalo de Troia dentro da legalidade constitucional” do país.
“Esse cavalo de Troia apresenta laços com milícias e
organizações envolvidas com atividades ilícitas. Conduta de quem elogia ou se
recusa a condenar ato de violência política no passado”. O
que inflama o presente com “surtos arrogantes e ameaças de intervenção”.
que inflama o presente com “surtos arrogantes e ameaças de intervenção”.
Fachin vê, como todos, e diz, como poucos: “O futuro está
sendo contaminado por despotismo”.
No Supremo, a ministra Cármen Lúcia pareceu dar eco às
palavras de Fachin no Congresso Brasileiro de Direito Eleitoral. Considerou
triste a volta forçada do tribunal, diante do dossiê do Ministério da Justiça
contra antifascistas, “a este assunto quando já se acreditava ser apenas”, ou
ter sido, “uma fase mais negra da nossa História”. Nada a ver com o dito por
Fachin, se até agora Cármen Lúcia tinha tal crença. Mesmo a tristeza soa irrealista.
Não faltaram ocasiões em que o Supremo e o TSE foram
chamados a sustar a candidatura que atacou a democracia com a defesa da
ditadura e da tortura, atacou as instituições constitucionais, prometeu acabar
com os petistas e outros, anunciou uma população armada, transpirou ódios
preconceituosos e vocação homicida. Isso tudo expelido por uma perturbação
mental indisfarçável e com histórico comprovado.
Hoje não faltam crimes de responsabilidade acumulados. Como
não faltam mortes pela Covid, não combatida de fato e inocentada para os
incautos. E nem é só o figurante principal que continua inatingível pela defesa
da ordem constitucional e do devido à população.
Flávio Bolsonaro não precisa controlar as revelações que se
sucedem sobre sua delinquência, porque controla a passividade do Senado e o
vagar dos seus inquéritos. Carlos Bolsonaro nem interesse demonstrou pelas
revelações que o atingem. Fabrício Queiroz e seus contatos milicianos estão
protegidos.
A instauração e a ameaçadora continuidade do descrito por
Edson Fachin, como ninguém ousou fazer nas altas instituições, têm
corresponsabilidades no Judiciário e no Congresso. Mas aí mesmo, na
impossibilidade de negar o exposto pelo ministro, ficará mais difícil não ver o
que está vendo, para não fazer o que deve.
OS BONS MOÇOS
Desde que passou de senador a deputado, para que seus processos saíssem de Brasília rumo à sua Minas, Aécio Neves não cessa de receber benesses.
Desde que passou de senador a deputado, para que seus processos saíssem de Brasília rumo à sua Minas, Aécio Neves não cessa de receber benesses.
Agora é o desaparecimento de delações premiadas integrantes
dos seus processos, que por isso param… na Justiça (sic) de Minas.
O que importa é poder usufruir bem, com sua vocação de
playboy, os milhões que extorquiu por aí com a irmã. Enquanto Geraldo Alckmin e
José Serra seguem suas vidas discretas e bem providas. Aos bons moços do PSDB
correspondem bons moços no Ministério Público e nos tribunais.
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