Correspondente internacional da revista Veja em
Paris durante dez anos, o jornalista e escritor Pedro Cavalcanti morreu
na última quinta-feira, 20, em São Paulo, aos 78 anos após um enfarte. Também
romancista, escreveu os livros A Volta (1980), O Império
da Amazônia (2003) e Em Nome do Pai (2003), entre
outros.
O jornalista morreu no dia do aniversário da mulher, Denise.
Além dela, deixa os filhos Antônio, Vitória, a enteada Dominique e os netos
Pierre, Timothée e Guillaume. "Amado pela sua gentileza e integridade fora
do comum, deixa um legado extraordinário de escritos talentosos e o exemplo do
seu amor à família", disse o filho Antônio.
Depois de trabalhar como correspondente na França, Pedro
atuou como editor de diversas revistas do grupo Abril na década de
1980. Nos anos seguintes, atuou no setor público. Foi assessor de imprensa do
governo do Estado de São Paulo (1984 a 1994) e da Secretaria de Segurança
Pública (1992-1994).
Sucessor de Pedro como correspondente da Veja em
Paris, o jornalista Marco Antônio Rezende disse que o colega se destacava pelas
entrevistas. "Ele desarmava seus entrevistados com perguntas inesperadas,
agudas", lembra.
A família informou que, poucos dias antes de morrer, Pedro
havia terminado de escrever suas memórias pessoais e profissionais.
"Parece que terminou e finalmente pôde descansar. Não era homem de deixar
um trabalho inacabado", comenta Antônio. Os escritos ainda não têm
previsão de publicação.
Pedro começou sua careira na editoria de internacional
da Veja junto com o também jornalista Silvio Lancelotti,
atualmente comentarista esportivo. "Foi ainda nos tempos dos números zero,
em 1968", conta. "Era um cavalheiro em tudo, no pessoal e no
profissional. Depois da Veja, seguimos rumos diversos, sem que perdêssemos o
contato nem que diminuísse o nosso afeto mútuo."
Pedro escreveu diversos artigos para a seção Espaço Aberto,
do Estadão. Em publicação recente, de 2018, abordou os
desafios da imprensa em meio à disseminação de fake news.
"Leitores de fake news costumam sacar palavras isoladas, à procura de
qualquer coisa que venha confirmar opiniões preconcebidas. Se algo parece
contrariá-los, buscam desconsiderar a argumentação afirmando que “não há fumaça
sem fogo” ou que o desmentido foi escrito por alguém vendido a grupos
interessados", escreveu.
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