Jair Bolsonaro contratou mais uma crise com o Supremo
Tribunal Federal. Ontem o presidente disse que nenhum juiz pode decidir “se
você vai ou não tomar a vacina”. Foi uma clara provocação à Corte, que deve
julgar três ações sobre o tema.
Na sexta-feira, o ministro Luiz Fux avisou que a disputa
sobre a vacina tende a ser judicializada. É o desfecho mais provável caso
Bolsonaro insista em sacrificar a população para fazer guerra política. Na
semana passada, ele mandou o Ministério da Saúde cancelar a compra da vacina em
desenvolvimento no Instituto Butantan. Tudo para atingir o tucano João Doria,
seu virtual adversário em 2022.
Ontem o capitão disse que seria “mais fácil” investir na
cura do que na vacina. A declaração tenta impor um falso dilema. Cura e vacina
são esperadas com a mesma ansiedade. Não faz sentido trocar a segunda pela
primeira. Abrir mão da vacinação significaria condenar milhões de brasileiros,
especialmente os idosos, a uma quarentena sem fim. Além disso, seria loucura
permitir que as pessoas adoeçam se for possível imunizá-las contra o vírus.
Bolsonaro parece insano, mas sabe aonde quer chegar. Ao
fomentar um embate com o Supremo, ele tenta repetir um truque de abril, quando
tentou impedir estados e municípios de decretarem medidas de distanciamento. O
tribunal barrou a ideia por 9 votos a 0. Em seguida, o presidente passou a
vender a falsa versão de que foi deixado “de mãos atadas”.
Ao atacar a Justiça, o capitão tentou se eximir de
responsabilidade pelas milhares de mortes. A tragédia humanitária seria culpa
dos prefeitos, dos governadores e até dos ministros do Supremo. Menos dele, que
nada fez para combater a pandemia.
x x x
O deputado Ricardo Barros pode ser acusado de muitas coisas,
mas não de falta de transparência. Ao torpedear a Constituição de 1988, o líder
do governo disse que a Carta garantiu muitos direitos. Deixou claro que o
objetivo do bolsonarismo é retirá-los.
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