Muitos candidatos e pouco confronto de ideias. O primeiro
debate entre candidatos à Prefeitura de São Paulo, promovido na noite de
quinta-feira (1º) pela Band, deixou a desejar tanto em temperatura política
quanto em
discussões com vistas a enfrentar os problemas da maior cidade do
país.
Com a presença dos 11 postulantes, submetidos a regras que,
embora equilibradas, comprimem
a exposição de propostas, o encontro serviu de pontapé inicial televisivo
para uma campanha que ainda parece longe de despertar a atenção dos paulistanos
—e que deverá ter embates mais acirrados no palco das redes sociais.
Sob o signo da pandemia do novo coronavírus, temas como crise
econômica, desemprego e projetos de renda básica ocuparam boa parte das
perguntas e respostas.
São sem dúvida assuntos candentes, que inflamam o debate
nacional, mas sobre os quais o poder municipal tem reduzida capacidade de
atuação. Ainda que programas locais possam ser implementados para aplacar as
urgências do atual momento, cumpre superar a retórica eleitoreira para mostrar
a viabilidade das propostas.
São de pouca serventia, por exemplo, alegações como a do
candidato Celso Russomanno (Republicanos), para quem o apoio do presidente Jair
Bolsonaro propiciará uma fantasiosa renegociação da dívida da cidade de modo a
gerar recursos para um programa de auxílio aos mais pobres.
Vejam-se, a esse respeito, as tribulações que o próprio
governo federal enfrenta na tentativa de tirar dinheiro da cartola —ou do bolso
dos contribuintes— para lançar o seu almejado Renda Brasil.
É fato que o clima nacional reflete-se na campanha
municipal, tratando-se de um centro com o destaque e o peso de São Paulo. É
fundamental, contudo, que os candidatos apresentem medidas palpáveis para fazer
frente aos inúmeros problemas da metrópole.
Os paulistanos deparam-se no cotidiano com uma cidade
atravessada por desigualdades, que deixa de prestar serviços básicos. Carências
na área de transporte público, saúde, educação e zeladoria se arrastam de
gestão em gestão.
Se o formato do debate não favoreceu detalhamentos, também é
fato que a disputa paulistana tem servido com indesejável frequência a
candidatos que arrolam promessas mirabolantes em busca de uma plataforma
provisória para ambições estaduais ou nacionais.
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