Russomanno tira
Bolsonaro de jingle e prioriza ataques a Doria
Após o deputado Celso
Russomanno (Republicanos) cair e oscilar negativamente nas pesquisas de intenção de voto para a Prefeitura de São Paulo, suas propagandas do horário
eleitoral deixaram de mencionar o presidente da República, Jair
Bolsonaro. Os programas que foram ao ar no horário político
segunda-feira, 26, e terça-feira, 27, não usaram nem trechos do jingle em que
Bolsonaro era citado. Nas inserções, Russomanno critica o governador João
Doria (PSDB) e o também tucano Bruno
Covas, prefeito e principal oponente do parlamentar, segundo as
pesquisas.
Na estreia da propaganda eleitoral gratuita de rádio e TV,
no dia 9, o jingle do candidato citava Bolsonaro três vezes. “Com Russomanno e
Bolsonaro, quem ganha é a nossa cidade”, dizia um trecho da música. Já no
refrão, repetido duas vezes, constava o trecho “e Bolsonaro apoiando”. As
propagandas mais recentes da música não trazem versos que citam o presidente. A
mudança de abordagem ocorre após a publicação de pesquisa Datafolha que, no dia
22, mostrou que Russomanno caiu de 27% para 20%, enquanto Covas oscilou
positivamente de 21% para 23%.
Além disso, em São Paulo, pesquisa Ibope/TV
Globo/Estadão divulgada no dia 15 aponta que 48% classificam a gestão
Bolsonaro como péssima ou ruim e 26% como ótima ou boa, o que também pode ter
reflexo na transferência de votos.
As novas propagandas de Russomanno também têm feito alusões
ao fato de que Doria descumpriu uma promessa feita durante a campanha de 2016,
segundo a qual iria terminar o mandato de prefeito. Como é Covas, então vice,
quem está concluindo a gestão, o prefeito tucano é chamado nas peças de
“BrunoDoria”. O apelido já era usado na campanha, mas ganhou mais ênfase.
Ao Estadão, o marqueteiro Elsinho Mouco,
responsável por toda a estratégia de campanha, afirmou que há, sim, mais
artilharia direcionada a Covas, com quem Russomanno aparece empatado
tecnicamente no Ibope e no Datafolha, dentro da margem de erro. “São críticas
acima da linha cintura”, afirmou. “Estamos brincando com a campanha do Covas,
que traz três palavras com a letra F. Adicionamos uma quarta: F de ‘foi-se’,
sobre os empregos e a renda que já eram”, disse. Mouco negou que haja intenção
de dar menos ênfase ao presidente nas peças e atribuiu isso a motivos
circunstanciais. “O Bolsonaro vai continuar sendo citado”, disse.
A contratação de Mouco passou pelo aval de do ministro das
Comunicações, Fábio
Faria. O secretário executivo da pasta, Fabio Wajngarten, tem participado de reuniões da campanha.
Veio de Wajngarten, inclusive, a sugestão de fazer uma associação total entre o
candidato e Bolsonaro.
Ao participar da sabatina do Estadão, no dia 19,
Russomanno disse, diversas vezes, que é “amigo” de Bolsonaro. Ainda assim, ele
evitou dar uma resposta direta às perguntas sobre suspeitas contra a família do
presidente e seu entorno, como o caso Queiroz. Nesta semana, o candidato já
havia discordado ao dizer que não se oporia à compra da vacina contra o novo
coronavírus que está sendo desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, em parceria
com o Instituto Butantan.
Presidente do PSDB paulistano, Fernando
Alfredo disse que Russomanno adotou essa estratégia porque “não
tem o que mostrar para a cidade” e lembrou que o Republicanos fez parte da base
de Covas na Prefeitura de São Paulo.
Funções
Elsinho Mouco agora concentra múltiplas atribuições
relacionadas à campanha de Russomanno, inclusive a coordenação-geral, após a
morte do presidente municipal do Republicanos, Marcos Alcântara, no
domingo. Na pré-campanha, Alcântara era o responsável por elaborar pontos que
depois vieram a constar no plano de governo, além de cuidar da articulação
política e da comunicação. Alcântara ajudou a negociar com Russomanno a
confirmação da candidatura e a montar a chapa de vereadores do partido. / COLABOROU
PEDRO VENCESLAU
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