sexta-feira, 6 de novembro de 2020

BAIXA BOLSONARISTA

Editorial Folha de S.Paulo

Nova pesquisa Datafolha, realizada nestas terça e quarta-feira (3 e 4), mostra com maior clareza que vai fazendo água a estratégia de Celso Russomanno (Republicanos) de associar sua candidatura a prefeito de São Paulo ao apoio do presidente Jair Bolsonaro.

No levantamento, o candidato despenca nas intenções de voto, vê sua rejeição aumentar de modo significativo e perde a liderança na corrida eleitoral para Bruno Covas (PSDB), que busca se manter no posto e saltou de 23% para 28% das preferências em duas semanas.

Russomanno, que perdia terreno a cada pesquisa mas se mantinha em primeiro lugar, caiu de 20% para 16%. Encontra-se agora em posição de empate, dentro da margem de erro de 3 pontos percentuais para cima ou para baixo, com Guilherme Boulos (PSOL), estacionado em 14%, e com o ex-governador Márcio França (PSB), que passou de 10% para 13%.

Enquanto Covas conquista uma boa posição rumo à participação num eventual segundo turno, mantém-se em aberto a definição de seu possível oponente —Russomanno, Boulos ou França.

O candidato do PT, Jilmar Tatto, que oscilou de 4% para 6%, não dá até aqui mostras de ter fôlego para participar da acirrada disputa pelo segundo lugar. A confirmar-se essa tendência, desenha-se um fiasco histórico do petismo, que desde a eleição de Luiza Erundina, em 1988, disputava a alternância de poder na capital.

O derretimento de Russomanno faz-se acompanhar de marcante alta da parcela dos eleitores determinados a não votar nele em nenhuma hipótese, uma escalada que se observa a cada nova pesquisa. Depois de ter registrado 21% no final de setembro, sua rejeição pulou para 29% e 38% em sondagens do mês de outubro —e atinge agora 47%.

Pode se repetir, assim, a trajetória frustrante dos dois pleitos municipais anteriores em que o postulante do Republicanos se apresentou.

As dificuldades do bolsonarista paulistano não são fato isolado no cenário nacional. Também no Rio, a segunda maior cidade do país, o prefeito Marcelo Crivella, que conta com as simpatias presidenciais, se vê ameaçado de não disputar o segundo turno contra o atual favorito, Eduardo Paes (DEM), que oscilou de 28% para 31%.

Com 15%, Crivella (Republicanos) está empatado com a Delegada Martha Rocha (PDT), que se manteve com 13% das intenções.

A liderança provisória, porém expressiva, de Covas e Paes em São Paulo e no Rio —dois candidatos de legendas tradicionais da política— é má notícia para Bolsonaro.

O presidente vê sua imagem pública desgastar-se apenas dois anos depois do triunfo avassalador de 2018, quando a associação com o seu nome bastava para favorecer postulantes em todo o país.

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