PSL foi o partido que mais perdeu filiados em 2021; PT, o que mais ganhou
BRASÍLIA — Os partidos brasileiros perderam, juntos, mais de meio milhão de filiados no último ano. Entre dezembro de 2020 e novembro de 2021, o número de cidadãos formalmente vinculados a alguma das 36 legendas registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) caiu de 16.654.826 para 16.090.180.
A sigla que mais sofreu com a debandada de adeptos, de acordo com os dados oficiais da Justiça Eleitoral, foi o PSL, que até 2019 abrigava o presidente Jair Bolsonaro. Nesse período, seu contingente de filiados caiu de 462.861 para 76.776. Já o PT, do ex-presidente Lula, foi o partido que mais ganhou membros: 62.693 mil ao longo de um ano.
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O MDB, agremiação com maior número de correligionários do Brasil, também amargou um encolhimento de seus quadros. Os registros oficiais apontam uma redução de 2.166.048 filiados em 2020 para 2.128.305 em 2021 — uma queda de 37.743 inscritos. Ainda assim, a legenda contabiliza 13,227% do total de eleitores filiados hoje.
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As siglas que integram o chamado centrão — consideradas menos ideológicas e que formam a base de apoio do governo — também contabilizaram saídas, à exceção do Republicanos, que ganhou filiados. O PL, por exemplo, partido presidido pelo ex-deputado Valdemar da Costa Neto e que neste ano passou a abrigar Bolsonaro, viu seu contingente cair de 761.640 para 774.205 pessoas. O PP, liderado pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, perdeu 26.450 nomes, assim como o PTB, do ex-deputado federal Roberto Jefferson, que tem menos 26.558 inscritos em comparação aos dados do ano passado.
Falha nossa
Na direção contrária, o PT saltou de 1.544.532 eleitores filiados em 2020 para 1.607.225 no ano seguinte. A presidente da sigla, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), atribui o crescimento de 4,059% a um esforço para aumentar o número de inscritos e ao momento político pelo qual passa o país, a pouco menos de um ano da eleição presidencial, marcada para outubro de 2022.
— Lançamos este ano uma campanha de filiações ao PT que tem sido bem-sucedida, principalmente pelo resgate dos direitos políticos do presidente Lula. A expectativa em torno de sua candidatura está estimulando a participação política, especialmente da juventude e do povo mais pobre, que vê nele a esperança de mudar o país — afirmou ao GLOBO.
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A marca alcançada pelos petistas, segundo divulgou o próprio partido, representa um recorde no número de filiados. Hoje, de acordo com os números do TSE, a legenda detém 9,989% de todos os brasileiros vinculados a alguma sigla do país.
Outra legendas que nesse período registraram crescimentos — porém mais tímidos — foram o Psol, PTC e Avante, além do Republicanos.
Ao analisar o movimento de perda de filiados nos partidos como um todo, o vice-presidente do PSL, Antonio Rueda, disse entender que essas reduções fazem parte do fluxo de migração de políticos entre as legendas.
— Acho que é natural, seguindo um movimento dos próprios candidatos: quando os deputados saem levam seus filiados — observou.
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No caso específico do partido que ele comanda, Rueda alega que não houve uma debandada, mas um equívoco. Ele atribui a queda drástica a um erro no preenchimento dos dados por parte da própria legenda.
— Em 2019, houve uma filiação em massa na ocasião da eleição de Bolsonaro. Mas a atual queda não significa que houve uma desfiliação em massa. Trata-se de um erro material, que será corrigido em abril — disse Rueda, argumentando que a queda é menor do que disponível na base de dados da Justiça Eleitoral.
O GLOBO aguardou por dois dias que o PSL enviasse o número de desfiliados que considera correto, mas não os recebeu até o fechamento desta reportagem.
O TSE afirma que o preenchimento desses dados é de responsabilidade de cada legenda. De acordo com a lei dos partidos políticos, as siglas devem informar a lista com os dados dos filiados sempre na segunda semana dos meses de abril e outubro. De fato, por vezes, os partidos apresentam dificuldades para fazer a atualização da relação de filiados, mas sobretudo para retirar nomes de pessoas que morreram ou se desligaram da legenda naquele período. O GLOBO apurou que, embora algumas imprecisões sejam frequentes, dificilmente há grandes discrepâncias entre as informações reais e as disponíveis no TSE.
Descrédito na política
Para a ex-desembargadora eleitoral e integrante da Associação Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep) Jamile Coelho, a perda de filiados e o esvaziamento dos partidos são um termômetro preciso do crescente descrédito que atinge a classe política há tempos.
— As siglas têm sido cada vez mais vistas como desnecessárias no cenário político e nas ações que atingem diretamente o cidadão. A flexibilização da fidelidade partidária, por exemplo, corrobora essa situação, assim como a crescente onda para se tentar legalizar a candidatura avulsa, o que hoje não é permitido — apontou.
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