segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

O ENCONTRO DE DILMA E LULA PARA FALAR DE ELEIÇÕES

Malu Gaspar, O GLOBO

Lula e Dilma marcaram para meados de janeiro um encontro em São Bernardo para falar de política. Quem pediu para agendar a conversa foi Lula, e o assunto principal devem ser as eleições de 2022. Embora se falem por telefone quase semanalmente, esta será a primeira vez que os dois vão se ver pessoalmente desde que o ex-presidente viajou para a Europa, em novembro. 

Dilma não esteve no último evento público em torno de Lula, um jantar promovido pelo grupo de advogados Prerrogativas, que reuniu caciques políticos de vários partidos em São Paulo. Ela não foi convidada, mas vários defensores do impeachment que podem vir a apoiar Lula em 2022 estiveram lá.

O episódio provocou uma polêmica interna no PT, entre os que acreditam que exibir Dilma durante a campanha pode prejudicar Lula eleitoralmente e os defensores da ex-presidente. 

No primeiro grupo está o vice-presidente do partido e ex-prefeito de Maricá, Washington Quaquá, que declarou que Dilma não tinha mais relevância eleitoral. A presidente do partido, Gleisi Hoffmann, rebateu as declarações. “A opinião individual de Washington Quaquá não corresponde ao papel da presidenta Dilma na história, no presente e no futuro do PT.”

O papel de Dilma na eleição, aliás, ainda não está definido. A ex-presidente vem dizendo aos aliados mais próximos que não quer mais se candidatar a nada, que já deu sua contribuição e que pretende cuidar de si e da família. 

Em 2018, Dilma disputou uma vaga no Senado por Minas Gerais e teve 15% dos votos, mas ficou em quarto lugar e não foi eleita.  No PT, há quem defenda que ela se candidate a deputada federal no ano que vem.

Embora não seja o assunto principal do encontro, a aliança com Alckmin certamente fará parte do cardápio. Aos aliados mais próximos no PT, Dilma tem dito que não vê vantagens para Lula na chapa conjunta com o ex-tucano. Para ela, Lula não ganha votos ao trazer o ex-adversário para perto e ainda pode perder aliados na esquerda, como os do PSOL, que vêm se manifestando contra a candidatura do ex-governador de São Paulo a vice-presidente. 

A resistência de Dilma não é isolada no partido. Lideranças como Gleisi Hoffmann também têm dito nos bastidores que veem riscos na estratégia e que preferiam que a chapa de Lula em 2022 tivesse outra configuração. O deputado Rui Falcão chegou a expressar desacordo publicamente.

Dilma mora em Porto Alegre, mas está no Rio de Janeiro passando férias com a família. Na data da reunião, que só vai ocorrer depois do dia 10, a ex-presidente fará uma escala em São Paulo para conversar com Lula antes de voltar para casa. 

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