Na ditadura militar, foram seguidos atos institucionais que transformaram a Constituição em frangalhos. Quando o doutor Ulysses Guimarães proclamou a Constituição cidadã em 1988 o mínimo que se esperava é que dali pra frente pelo menos suas clausulas pétreas fossem respeitadas. Mas foram enxertados tantos casuísmos que já se pede uma nova Constituinte.
Como seu guardião, o Supremo Tribunal Federal tinha que segurar todas as pontas. Em parte teve sucesso. Em outra virou problema. Ás vezes as bolas se misturam. Faz tempo que a biruta do STF saiu de controle. Quando se sentiu acuado pela opinião pública, deu gás ao combate à corrupção pela Operação Lava Jato. Voltou a virar porto seguro dos acusados e até condenados por corrupção quando o vento passou a assoprar pra outro lado.
Como dizia o mestre e sábio Bob Dylan, o vento sempre dá a resposta. Na vida e na política. Os impunes sempre ousam mais. A narrativa coletiva de políticos de todos os quadrantes que se lambuzaram com dinheiro público é que foram vítimas por criminalizarem a política. Pilhéria insustentável.
Bilhões surrupiados, bilhões devolvidos. Não dá simplesmente para passar uma borracha nessa gigantesca contabilidade.
Esse longo introito é para contextualizar o estupro à Constituição que o Congresso agora referenda, com o apoio explícito ou não de todas as forças políticas. No Senado, só José Serra votou contra. Por ser um brilhante economista, alertou que é uma bomba fiscal que vai estourar no próximo governo.
Mas a questão central é como se muda a Constituição atropelando todos os ritos que a Assembleia Nacional Constituinte estabeleceu para mudanças constitucionais. É a política do vale tudo pra quem tem maioria na Câmara, concebida por Eduardo Cunha, e executada por seu discípulo Arthur Lira.
É o fim da linha.
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