Ex-ministro Rogério Marinho atrai descontentes e ameaça reeleição de Rodrigo Pacheco
Rodrigo Pacheco ainda é favorito à reeleição, mas o Planalto foi avisado de que há risco de zebra na disputa pela presidência do Senado. O bolsonarista Rogério Marinho, que já era apoiado pelas maiores siglas do Centrão, começou a avançar no território do adversário. Se ele surpreender, Lula terá que conviver com um desafeto no comando do Congresso.
A julgar pela divisão oficial das bancadas, Pacheco teria uma vantagem confortável sobre o rival. O problema é que a votação secreta abre uma ampla margem para traições. Elas devem chegar até ao partido de Pacheco — ao menos três senadores do PSD são contabilizados como eleitores de Marinho.
O bolsonarismo lançou o ex-ministro do Desenvolvimento Regional com dois objetivos: reagrupar sua base e forçar uma espécie de terceiro turno contra Lula. Derrotado na corrida presidencial, o ex-presidente teria a chance de se vingar na disputa pelo controle do Senado.
Na noite de segunda, o capitão interrompeu as férias na Flórida para motivar sua tropa. Por telefone, participou de um jantar de senadores do PL e pediu votos para o aliado. No front doméstico, o gabinete do ódio foi reativado para torpedear o eleitorado de Pacheco. A ofensiva pode não mudar o placar, mas incomodou muitos integrantes da bancada governista.
Nos últimos dias, a candidatura de Marinho ensaiou ultrapassar os limites do cercadinho. O ex-ministro passou a atrair outros tipos de descontentes: de inconformados com a partilha dos ministérios a ressentidos com o tamanho de seus gabinetes na próxima legislatura.
Uma zebra no Senado representaria mais do que uma derrota para Lula. Transformaria a Casa num bunker de oposição ao novo governo. E ainda daria fôlego à extrema direita que atacou a democracia no 8 de janeiro.
Embora afirme “não compactuar” com os atos golpistas, Marinho endossa algumas de suas principais bandeiras, como o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal.
Ontem ele festejou a adesão do ex-ministro Sergio Moro, que renovou sua carteirinha de bolsonarista, e do PSDB — ou do pouco que restou do antigo partido de Fernando Henrique, Mario Covas e Franco Montoro.
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