É preciso destruir o “sistema” para depois pôr outro em seu lugar, pregou Jair Bolsonaro na sua primeira viagem aos Estados Unidos depois de eleito presidente.
Não sabia direito o que era o “sistema”, só de ouvir falar os extremistas da direita americana, e o guru dos seus filhos, o autoproclamado filósofo Olavo de Carvalho.
Muito menos sabia o que deveria ser posto no lugar. Mas se remasse na contramão do politicamente correto, desacreditasse a esquerda e usasse a religião como aríete, talvez chegasse lá.
Então, Deus acima de tudo, e armas baratas e com fartura nas mãos de quem as desejasse, não importava o que fizessem com elas. Povo armado, dizia e repetia, jamais seria escravo.
E o povo armou-se numa escala extraordinária e a pretexto de defender-se de qualquer coisa; e os ressentidos, os imitadores de costumes alheios, viram nisso sua chance de afirmação.
Sem falar das milícias, do crime organizado, dos matadores de aluguel que têm no poder de fogo a razão de ser dos seus negócios. E um país violento por natureza, tornou-se ainda mais violento.
É o que explica e ajuda a explicar, mas não só, o crescimento dos casos de violência contra as mulheres e os assassinatos bárbaros como os das crianças a machadinha em uma creche de Blumenau.
Bolsonaro perdeu, pode tornar-se inelegível, mas não o será por ter contribuído para a exacerbação dos instintos primitivos de uma parcela dos brasileiros. Essa seria outra conta a ser paga por ele.
O mal que ele fez está consumado. O desafio do novo governo, mais um, será remediá-lo ou fazê-lo retroceder a níveis suportáveis. É tarefa para mais de um governo. Que assim seja.
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