O presidente dos Estados Unidos, ainda que munido de
quase superpoderes e em posse da maleta com os códigos nucleares, não tem
licença para governar o planeta ou se indispor com outras nações
A chamada "deportação expressa", que permite
expulsões rápidas de imigrantes ilegais sem audiência judicial, foi ampliada
pelo governo Trump, abrangendo qualquer pessoa que não comprove dois anos de
residência nos EUA. - (crédito: reprodução/tv globo)
Em nove dias de governo, Donald Trump provocou um terremoto
político ao assinar quase 100 ordens executivas e revogar 78 medidas tomadas
pelo seu antecessor, o democrata Joe Biden. Além de declarar emergência
nacional na fronteira com o México, começou a promover a propalada caçada aos
imigrantes ilegais nos Estados Unidos e determinou que entre 1,2 mil e 1,5 mil
estrangeiros não documentados sejam presos diariamente. Ao ser questionado pela
jornalista brasileira Raquel Krähenbühl sobre a relação com o Brasil, Trump
disse ser excelente, mas emendou da pior forma possível: "Eles precisam de
nós, não precisamos deles; todos precisam de nós".
Uma demonstração de arrogância e de
prepotência em tempos de multilateralismo. A imposição de sanções e tarifas à
Colômbia, que se recusou a receber voos de repatriados em condições
degradantes, mostra que Trump coloca o tal do America First ("América em
primeiro lugar") à frente do bom senso e do bom trato diplomático. Ao
ameaçar tomar a Groenlândia e o Canal do Panamá, ao mostrar um mapa dos EUA com
a anexação do Canadá e ao mudar o nome do Golfo do México para Golfo da
América, Trump demonstra uma visão distorcida do cargo.
O presidente dos Estados Unidos, ainda que munido de quase
superpoderes e em posse da maleta com os códigos nucleares, não tem licença
para governar o planeta ou se indispor com outras nações. Há quem diga que a
postura de xerife do mundo pode isolar Trump e espalhar a influência econômica
da China mundo afora. Ao deportar milhões de imigrantes — se é que conseguirá
concretizar a promessa —, o republicano coloca uma faca contra o pescoço da
própria economia. Afinal, são os imigrantes que trabalham duro na lida das
lavouras, na limpeza dos banheiros de restaurantes, na faxina, nos serviços
pesados que, certamente, os americanos ou não desejam fazer ou dos quais se
acham indignos.
O xerife do mundo quer ditar, inclusive, sobre a vida e a
sexualidade alheia. Trump determinou que somente existem dois gêneros nos EUA:
masculino e feminino. Com isso, lança as pessoas transgênero no limbo, pois não
poderão ter acesso a passaportes, certidão de casamento e outros documentos.
Além de normalizar a transfobia, o preconceito.
A mais recente de suas decisões pode ser um tiro no próprio
pé. Trump congelou todos os programas de assistência à população mais carente e
uma pausa nos subsídios e empréstimos federais. Medida que pode prejudicar
milhões de norte-americanos, inclusive aqueles que votaram no republicano.
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