Desde 1600, o Carnaval carioca assiste ao sucessivo
predomínio de uma atração sobre as outras
A historiadora Eneida de Moraes dizia que os três inimigos
do Carnaval são
a chuva, a polícia e os saudosistas. Os piores são os saudosistas, com o
discurso de que Carnaval bom era o "do tempo deles". Mas qual seria
esse tempo? Na longa história do Carnaval carioca, cada geração teve o seu. Eis
exemplos.
1600: surge o entrudo, com os foliões se atirando baldes de
água com limão uns nos outros, na atual rua 1º de Março. 1641: mascarados
desfilam cantando. 1748: primeiros foliões negros, com a coroação do Rei Congo.
1786: primeiros desfiles com carros alegóricos, no Campo de Santana. 1825: os
nobres promovem bailes em seus palácios em Botafogo. 1831: os jornais anunciam
a venda de máscaras e fantasias na rua do Ouvidor.
1846: primeiros bailes populares. 1848:
primeiros blocos com música e
percussão seguindo o bombo do sapateiro José Paredes, o "Zé Pereira".
1866: nascem os Democráticos, os Fenianos e os Tenentes do Diabo, com seus
desfiles de luxo. 1887: primeiras ruas decoradas para o Carnaval. 1889:
Chiquinha Gonzaga lança "O Abre-Alas", a primeira marchinha. 1892:
surgem o confete e a serpentina. 1902: o Carnaval de rua atinge proporções
gigantes, com mais de 200 blocos nas ruas.
1906: surge o lança-perfume. 1909: primeiro concurso de
fantasias. 1910: o palhaço Benjamin Oliveira cria o Rei Momo. 1914: o corso de
automóveis toma a avenida Rio Branco. 1928: nasce a Deixa Falar, primeira
escola de samba.
1929: sambas e marchinhas já são compostos às centenas. 1932: a prefeitura
oficializa o Carnaval. 1933: começa o desfile das escolas. 1938: os teatros,
cassinos e clubes promovem os superbailes. Anos 1940 e 50: o Carnaval se
internacionaliza. Etc. etc. e evoé.
O Carnaval sempre foi assim: uma atração sucessivamente se
sobrepondo a outras. Em 1965, o Carnaval de rua foi dado como morto e as
escolas passaram a reinar. As escolas continuam, mas, de 2000 para cá, os
blocos voltaram com toda a força. Como será no futuro? Carnaval bom é o de
todos os tempos.
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