Nova ministra tomou posse junto a Alexandre Padilha, na
Saúde, nesta segunda-feira (10)
A ministra Gleisi
Hoffmann (PT) tomou posse à frente da Secretaria das Relações
Institucionais nesta segunda-feira (10) fazendo acenos ao ministro da Fazenda,
Fernando Haddad (PT), com quem já divergiu publicamente, e também aos
presidentes da Câmara e do Senado.
A posse da agora ex-presidente do PT foi
realizada com a presença do presidente Lula (PT) no
Palácio do Planalto, em cerimônia que também deu início à gestão de Alexandre
Padilha (PT) no Ministério da Saúde, no lugar de Nísia Trindade.
"Chego para somar. Foi essa missão que recebi e
pretendo cumprir num governo de ampla coalizão, dialogando com as forças
políticas do Congresso e com as expressões da sociedade, suas organizações e
movimentos", disse Gleisi.
"Tenho plena consciência do meu papel
que é da articulação política."
A indicação de Gleisi para o posto mais importante da
relação entre Executivo e Legislativo tinha sido anunciada no fim de fevereiro
e gerou desconfiança no meio político pela trajetória da petista, que tem
histórico de atritos com parlamentares. O centrão reivindicava o posto, o que
não foi aceito por Lula, e a decisão foi vista como um passo do presidente mais
à esquerda.
Nesta segunda, Gleisi buscou fazer um discurso de
conciliação, citando os ministros Haddad, Rui Costa (Casa Civil), Alexandre
Padilha e a ex-ministra Nísia Trindade, reforçando que atuará colaborando com
os respectivos trabalhos e "respeitando os espaços e competências de cada
um".
Falou também em "respeitar adversários" e em
"colaborar com todos". Citou como prioridades a consolidação de uma
"base estável" no Congresso, já a partir da votação do Orçamento de
2025, que ainda não foi aprovado.
Também mencionou como prioridade a ampliação da isenção do
Imposto de Renda para pessoas que recebem até R$ 5.000 por mês, em proposta
apresentada por Haddad em novembro passado.
"Eu estarei aqui, ministro Fernando Haddad, para ajudar
na consolidação das pautas econômicas desse governo. As pautas que você conduz
e que estão colocando novamente o Brasil na rota do emprego, do crescimento e
da renda", disse Gleisi.
No discurso, a nova ministra citou ainda especificamente o
presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi
Alcolumbre (União Brasil-AP), afirmando que terá atuação conjunta.
"Estarei sempre aqui para conversar, ouvir críticas e
acolher sugestões", afirmou.
O evento também teve um afago ao ex-presidente da República
José Sarney, em um momento em que o governo tenta aproximações com o MDB.
Sarney compareceu à cerimônia.
A deputada federal já era cotada
para o cargo de articulação política do governo, dentro do contexto da
reforma ministerial encabeçada por Lula, em um cenário de baixa na aprovação da
gestão.
Em seu discurso desta segunda, a ex-presidente da sigla
agradeceu aos militantes e dirigentes do PT e classificou o período em que foi
chefe do partido como a "missão mais importante" que desempenhou. Ela
também lembrou do seu próprio papel na construção da aliança que levou Lula à
vitória em 2022, quando o hoje presidente precisou buscar o eleitorado de
centro.
"Em todas as missões que cumpri também aprendi que a
política é um exercício de coerência e compromisso com valores. Temos que fazer
política para somar, respeitando adversários", disse ainda. "Ninguém
faz nada sozinho."
Gleisi também citou o filme vencedor do Oscar "Ainda
Estou Aqui" e elogiou o trabalho do ministro Alexandre de Moraes, do
Supremo Tribunal Federal, na relatoria dos processos do 8 de janeiro.
Agora à frente da pasta cuja função é a articulação
política, Gleisi já travou anteriormente embates com partidos não só da
oposição, como da base aliada, assim como com o ministro Fernando
Haddad. Em 2023, sob a presidência de Gleisi, o PT aprovou documentos
críticos à política econômica do governo, classificada até de
"austericídio".
A escolha foi anunciada pelo presidente três dias depois de
escolher Padilha para a Saúde em substituição a Nísia. Agora ex-ministra da
Saúde, ela abriu a cerimônia com um discurso de despedida e parabenização aos
dois recém-empossados.
Participaram também da posse desta segunda, o
vice-presidente Geraldo Alckmin e ministros, entre eles, Ricardo
Lewandowski (Justiça), Anielle Franco (Igualdade Racial), Simone Tebet (Planejamento),
Esther Dweck (Gestão e Inovação), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), além
de membros do Congresso e do PT.
Segundo interlocutores, uma das queixas do presidente acerca
da articulação era justamente a falta de disputa política na relação com
o Congresso
Nacional. Nas conversas sobre a sucessão na pasta, Lula disse que devia a
Gleisi a oportunidade para mostrar sua capacidade.
Ainda conforme relatos ouvidos pela Folha, André
Ceciliano, hoje secretário especial de assuntos federativos da Secretaria das
Relações Institucionais, deve assumir a relação com o Parlamento, enquanto o
diplomata Marcelo Costa deverá ficar com a chefia do gabinete de Gleisi.
O presidente teria dito que a opção por ela no ministério
seria um reconhecimento ao seu trabalho no comando do PT, onde está desde 2017.
Com sua saída da sigla, o nome de Edinho
Silva é o favorito para suceder Gleisi, apesar de resistências
dentro do partido, conforme mostrou a Folha.
Edinho também esteve presente na cerimônia de posse da
petista no Planalto.
Agora com Gleisi, o governo
Lula conta com 10 mulheres, em meio às 38 pastas existentes. O machismo
político, com menções aos ataques misóginos a Nísia e à primeira-dama,
Rosângela da Silva, a Janja, também foram abordados pela nova ministra no
discurso de posse.
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