Ex-presidente deu razões para ser monitorado pela polícia
antes de julgamento no STF
O ministro Alexandre
de Moraes determinou ontem que a polícia fique de olho em Jair
Bolsonaro. O objetivo é evitar que o ex-presidente fuja do país para
escapar da provável condenação por tentativa de golpe.
Em ofício ao Supremo, o procurador-geral Paulo Gonet disse
que seria “de bom alvitre” reforçar a vigilância sobre o capitão. Moraes
considerou a ideia “adequada e necessária” para a aplicação da lei penal.
O capitão já fez de tudo para melar o
julgamento marcado para começar na semana que vem. Sua defesa tentou tirar o
caso do Supremo. Não conseguiu. Depois pediu para transferi-lo da Primeira
Turma para o plenário. Também não deu certo.
As manobras para deslocar o foro seguiram as regras do jogo.
O problema foi quando o ex-presidente deixou de confiar nos advogados para
apelar à ajuda da Casa Branca.
Num ataque ao Brasil, Donald Trump elevou tarifas e revogou
vistos para tentar acuar o Supremo. Em seguida enquadrou o ministro Moraes na
Lei Magnitsky, editada para punir terroristas e ditadores.
O presidente americano tem usado a força bruta para
perseguir opositores políticos em seu próprio país. Não pensaria duas vezes
antes de conceder asilo a um aliado em apuros na América do Sul.
Bolsonaro também não teria constrangimento em correr para os
Estados Unidos. Fez isso no fim de 2022, quando voou para a Flórida no
penúltimo dia de mandato.
O capitão já havia mapeado ao menos outras duas opções de
fuga. No ano passado, escondeu-se por duas noites na embaixada da Hungria após
ter o passaporte apreendido. Com medo de uma ordem de prisão, estava pronto
para pedir socorro ao ultradireitista Viktor Orbán.
Na semana passada, a Polícia Federal revelou que o celular
de Bolsonaro guardava o rascunho de outro pedido de asilo. Ele apelaria à ajuda
de Javier Milei, agora às voltas com suspeitas de corrupção na Argentina.
O ex-presidente diz que nunca pretendeu fugir, mas cumpre
prisão domiciliar a 15 minutos de carro do setor que concentra as embaixadas em
Brasília. No dia em que foi levado para calçar a tornozeleira eletrônica, ele
deu a deixa: “Sair do Brasil é a coisa mais fácil que tem”.


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