Por uma margem mínima, Maduro derrotou o oposicionista
Henrique Capriles e vai governar a Venezuela até 2019.
Com 99,12% dos votos apurados, Maduro teve 50,66% da
preferência do eleitorado, com 7.505.338 votos. Já o oposicionista Henrique
Capriles tinha 49,07%, com 7.270.403. A diferença entre os dois candidatos era
de 234.935 votos.
As autoridades acrescentaram que a participação foi de
78,71% dos 19 milhões de eleitores habilitados Maduro será o sucessor de Hugo
Chávez, morto por um câncer em 5 de março passado.
O presidente eleito afirmou que foi uma "vitória
eleitoral justa" e "legal".
"A este povo hoje podemos dizer que tivemos uma vitória
eleitoral justa", afirmou Maduro no Palácio de Miraflores para uma
multidão de chavistas reunida no centro de Caracas.
Nicolás Maduro, que já foi motorista de ônibus e
sindicalista e se declara um "apóstolo" de Hugo Chávez, enfrentará o
difícil desafio de preencher o vazio deixado pelo carismático líder e garantir
a continuidade de sua obra.
Escolhido por Chávez como seu herdeiro político, Maduro, de
50 anos, concentrou sua campanha na imagem do falecido presidente, insistindo
em que é seu "filho" e que apenas sua vitória poderá manter os
benefícios sociais da revolução chavista.
"Nunca esperei por isso. Nunca. Mas foi absolutamente
emocionante e surpreendente que um chefe que você ama e sempre apoiou com
lealdade, em um dado momento, diga para você: 'olha, vou fazer uma cirurgia e
há dois cenários: um é que não sobreviva à operação, e o segundo é que tenha
uma recuperação demorada e, nesses dois casos, cabe a você assumir o
comando", contou o presidente interino em uma recente e exclusiva
entrevista à AFP.
Em vários momentos, o candidato chavista reiterou sua
intenção de ser fiel a Chávez e seguir seu programa de governo. Não é à toa que
a voz em "off" de Chávez está sempre presente em seus comícios e sua
figura inspira os discursos de Maduro.
Para seu adversário e líder da oposição, Henrique Capriles,
Maduro é um "burguesito" ("burguesinho"),
"caprichito" ("mimado", "cheio de caprichos"),
além de ter tramado um plano para ignorar o resultado da eleição e promover a
violência no país.
Nesta campanha, Maduro buscou um estilo próprio, marcado por
altas doses de misticismo - quando assobiava imitando um
"passarinho", no qual (segundo ele) Chávez teria encarnado -, ou pelo
histrionismo - como, por exemplo, quando imitava Capriles. Nessa hora, que ele
chama de "baile da obsessão", Maduro grita "Nicolassssssss,
Nicolasssssss!", movendo o corpo como se estivesse no meio de um ataque de
nervos.
Consciente do valor da família para os venezuelanos, ele
sempre aparece acompanhado de sua mulher, a "primeira combatente"
Cilia Flores, um peso-pesado do PSUV (partido da situação), dez anos mais velha
do que ele. Maduro também costuma subir ao palco acompanhado do filho e dos
netos, entre eles a pequena Victoria, nascida poucos dias depois da
"vitória" de Chávez, em 7 de outubro passado.
O discípulo 'chavista' se comprometeu a manter um governo itinerante
por todo o país, "dirigindo eu mesmo o ônibus", com seus ministros a
bordo.
Esse político de físico admirável e com seu bigode
característico, nascido em 1962 e integrante de uma banda de rock (Enigma) na
adolescência, foi apontado pelo próprio Chávez como seu sucessor, quase três
meses antes de seu falecimento. Foi quando o "comandante" se afastou
do poder e viajou para Havana, onde seria operado do câncer pela quarta vez.
Maduro, teria dito Chávez nesse dia, é "um
revolucionário leal e íntegro ("a carta cabal")" e "um
homem com muita experiência apesar de sua juventude".
"Olhem aonde vai Nicolás, o motorista de ônibus
Nicolás. Era motorista de ônibus no metrô e como riram dele", exclamou
Chávez, alguns meses antes, ao nomeá-lo vice-presidente.
Nicolás Maduro Moros, que também foi líder sindical do Metrô
de Caracas, era considerado da ala moderada do círculo mais próximo de Chávez,
ao contrário de outros estreitos colaboradores, como o presidente da Assembleia
Legislativa, Diosdado Cabello, outro nome forte cogitado para suceder ao
"comandante".
"Estamos realmente prontos para assumir a presidência,
em 15 de abril, com o povo e com o guia que ele (Chávez) nos deixou. Sem que eu
me desse conta, ele foi me preparando em todos os temas: petróleo, finanças,
internacional ...", disse Maduro à AFP.
De sua gestão como chanceler (2006-2012), os analistas
destacam seu tom conciliador e sua grande capacidade de influenciar e de
negociar entre as diferentes facções da coalizão governista.
"Quero terminar a obra de Chávez de unir todo o país.
Quero ser o presidente da união e da paz de todos venezuelanos, e que vocês me
acompanhem nisso", declarou Maduro, em um comício esta semana,
mostrando-se conciliador.
Como chanceler, Maduro também levou ao pé da letra o
discurso "anti-imperialista" de Chávez, hostil aos Estados Unidos.
Participou ativamente dos últimos processos de integração regional promovidos
por Chávez, como a Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac),
e a integração da Venezuela ao Mercosul, além das negociações com os novos
sócios políticos e econômicos da Venezuela, como China e Rússia.
Antes de ser ministro das Relações Exteriores, ele havia
sido presidente da Assembleia Nacional (2005-2006), embora sua atividade
parlamentar tenha arrancado como deputado em 1999, eleito pelo Movimento Quinta
República (MVR) fundado por Chávez.
Seus destinos se cruzaram no Movimento Bolivariano
Revolucionário 200 (MBR-200), também fundado por Chávez, e com o qual o
"comandante" liderou uma frustrada tentativa de golpe de Estado em
1992 contra o então presidente, Carlos Andrés Pérez.
Da Redação O POVO Online com AFP.
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