Por José Maria Tomazela - Agência Estado
Sorocaba - O salário cinco vezes menor que o de médico levou
o prefeito Márcio Faber (PV), de Paranapanema, no sudoeste paulista, a
renunciar ao cargo, nesta quarta-feira (31). Ele abriu mão de um salário bruto
de R$ 5.850,00 por mês e voltou a se dedicar à ginecologia e obstetrícia, suas
especializações médicas. "Eu tinha duas opções, ou voltava a trabalhar
como médico e ganhava meu dinheiro honestamente, ou tirava isso da prefeitura.
Preferi sair a roubar o cofre público", disse.
Eleito em outubro de 2012 com 55% dos votos válidos, Faber
ficou à frente da prefeitura apenas sete meses. Antes de ser prefeito, ele
atendia os pacientes no Hospital Municipal de Paranapanema e em unidades de
saúde da região, obtendo ganhos de R$ 30 mil mensais. Ao sair candidato, Faber
sabia qual seria o salário como prefeito. "Achei que pudesse conciliar com
a medicina, mas não deu. Como há uma indefinição jurídica, preferi renunciar a
correr o risco de uma possível cassação."
Casado, 35 anos, pai de duas filhas, Faber contou que sua
situação financeira se complicou com a redução de salário e ele não estava
conseguindo dar à família o mesmo padrão de vida. "O prefeito que quer
ficar milionário na prefeitura, ele fica, mas não nasci para isso. Meu pai não
me ensinou a ser assim, por isso preferi deixar o cargo", disse. O agora
ex-prefeito já conseguiu trabalho. Nesta quinta-feira (1), ele passou a atender
em unidades de saúde na região de Itapetininga.
Na cidade, de 17.999 habitantes, sua decisão divide
opiniões. "Ele não estava conseguindo cumprir as promessas de campanha e
havia indícios de que continuava atuando como médico. Ele acabou saindo porque
a Câmara começava a investigar", disse o presidente do Legislativo,
Leonardo de Araújo (PSDB). "Ele pegou a cidade destruída e estava
ajeitando, é um político honesto", defendeu o servidor municipal Flávio
Dias.
Faber garantiu que seu governo ia bem e o único fator que
pesou em sua decisão foi mesmo a questão salarial. "Deixo a prefeitura
arrumada e em boas mãos, com pessoas honestas nos lugares certos." Ele foi
eleito em outubro de 2012 com 5.873 votos. Era a primeira vez que o médico
concorria a um cargo público. Com a renúncia, o vice-prefeito Antonio Hiromiti
Nakagawa (PV) assumiu a prefeitura.
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