Da Época
Entre os participantes mais entusiásticos das reuniões da
Rede Sustentabilidade, ou apenas Rede – o partido que Marina Silva, segunda
colocada nas pesquisas de intenção de voto para presidente, tentava registrar
na semana passada –, está o cão Zeus Jurubeba. Ele comparece a todos os debates
políticos do grupo, a ponto de virar uma espécie de símbolo da Rede, com
direito a página no Facebook e videoclipe no YouTube. Zeus balança o rabo
durante as discussões e até assinou, com a pata, uma ficha de apoio ao projeto.
“Ele é bem persistente, solto, interage com as pessoas”, diz Guilherme Coelho,
dono de Zeus, um vira-lata mestiço de labrador com pit bull. Ser signatário da
Rede diz algo sobre o espírito descontraído de um partido político que tem como
premissa a “horizontalidade” – tendências diferentes, e até opostas, como
evangélicos e defensores do casamento gay, convivem em busca de um “consenso
progressivo”. Até a última sexta-feira, dia 27, os partidários da Rede não
haviam conseguido ainda assinaturas suficientes para registrar o partido.
Enquanto isso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
confirmava o registro de duas outras siglas: o Partido Republicano da Ordem
Social (PROS) e o Solidariedade. Com eles, o Brasil soma hoje 32 partidos
políticos, um número expressivo (na França são 15, e na Alemanha são 12). Entre
os recém-fundados, o maior é o Solidariedade. Com nome inspirado no partido
liderado pelo sindicalista polonês Lech Walesa, um ardoroso combatente do
autoritarismo comunista em seu país, o Solidariedade é liderado por outro
sindicalista, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente
da Força Sindical. Estima-se que conte com pelo menos 29 deputados vindos de
outros partidos – pela lei brasileira, parlamentares não podem trocar de
legenda sob risco de perder o mandato, a não ser que se trate de um partido
novo. Ao contrário da Rede, o Solidariedade foi organizado com estratégia e
articulações políticas inspiradas na experiência sindical. Comparar os dois
casos – o partido de Marina e o partido de Paulinho – é instrutivo. E ajuda a
entender por que um conseguiu registro e o outro ainda luta para isso.
Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, apostou numa
estratégia definida. Ela envolvia base eleitoral, aliados disciplinados,
organização e dinheiro. O trabalho começou em outubro do ano passado, num
almoço com deputados descontentes com os atuais partidos. “Tudo na
clandestinidade”, afirma Paulinho, rindo. Estavam lá desconhecidos, como o
ex-deputado João Caldas e os deputados Augusto Coutinho, do DEM, Roberto
Santiago, do PSD, e Henrique Oliveira, do PR. João Caldas levou para o encontro
o advogado Marcílio Duarte, criador profissional de partidos políticos. Desde
1989, Marcílio participou da fundação de Prona, PGT, PTN, PTR, PSL e PST – e,
agora, Solidariedade. Conhece tudo dos meandros da burocracia eleitoral. “Em
dez dias, o partido estava pronto”, diz Paulinho.
Nas contas feitas sob a empolgação inicial, se cada um dos
1.700 sindicatos filiados à Força conseguisse 300 fichas de eleitores, a
exigência de 492 mil assinaturas exigidas por lei seria atingida rapidamente.
As coisas não saíram exatamente assim. Sindicalista desde que começou a vida
profissional no Paraná, na década de 1970, Paulinho lembrou-se na prática de
uma característica de seus pares. Os dirigentes sindicais prometiam entregar
rios de mel com 10 mil assinaturas de eleitores. “Aí, eu ligava 15 dias depois,
e o cara não tinha feito nada. Mas dizia ‘vou entregar, vou entregar...’”, diz
Paulinho. Ele percebeu que os sindicalistas preferiam dar dinheiro para alguém
fazer o trabalho a pegar no pesado em busca por apoio. Por sorte, dinheiro não
era problema.“Os sindicatos deram uns R$ 500 mil para bancar o trabalho de
coleta de assinaturas”, afirma Paulinho. Ele também criou um núcleo para
azeitar a máquina sindical. Sua namorada, Samanta, e dois funcionários
licenciados do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo passaram a coordenar as
tarefas.
Ao mesmo tempo, em Brasília, Paulinho contava com os
serviços de cinco advogados para atuar na Justiça Eleitoral. O principal deles
é Tiago Cedraz, filho do ministro Aroldo Cedraz, do Tribunal de Contas da União
(TCU). Tiago é advogado de Paulinho em dois inquéritos e numa ação penal a que
ele responde no Supremo Tribunal Federal. Com apenas 31 anos, Tiago exibe
desenvoltura de veterano. Foi o responsável pelos trâmites jurídicos do
Solidariedade e por abrir as portas dos gabinetes dos ministros do TSE a
Paulinho. “Ele sabe que botões apertar”, afirma Paulinho.
A intenção inicial era entregar as assinaturas e iniciar o
processo de criação do Solidariedade na Justiça no final de junho passado. Por
acaso, um pedido de impugnação do partido em 28 de junho, uma sexta-feira,
penúltimo dia antes do recesso do Judiciário, ajudou. Os advogados retiraram o
processo do Solidariedade, e a turma de Paulinho descobriu que faltavam cerca
de 32 mil assinaturas. Os sindicalistas aproveitaram para trabalhar mais até a
segunda-feira seguinte e entregaram os papéis à Justiça. O recesso durou o mês
de julho e, no dia 26 de agosto, uma segunda-feira, às 8 da noite, chegou o
resultado: o Solidariedade tinha assinaturas suficientes. Mesmo recém-operado
de um câncer de próstata – ele implantou ainda 122 sementes radiativas na
glândula para complementar o tratamento –, Paulinho foi tomar uma cachaça num
bar perto de sua casa, no bairro da Aclimação, em São Paulo.
Havia obstáculos de outra ordem – e eles eram ainda mais
perigosos. Em abril, o governo Dilma, temendo o novo partido de Marina e a
força que o partido de Paulinho daria a Aécio Neves, fez de tudo para aprovar
um projeto no Congresso impedindo a criação dessas legendas. Paulinho precisou
de estratégia e astúcia para enfrentar essa barreira. Em 17 de abril, às
vésperas da votação do projeto na Câmara, ele deu um “olé” no presidente da
Casa, Henrique Alves. Os dois tiveram uma conversa a sós, no gabinete privativo
de Alves. Paulinho trancou a porta e disse: “Henrique, quero falar sério com
você”. “Não fala porque não tem como fazer nada nessa p...”, disse Alves,
segundo Paulinho. “Eu vou votar nesse negócio.” “O que eu vou pedir você pode
fazer”, disse Paulinho. “Vou entrar com esse requerimento dizendo que o projeto
é inconstitucional. Você pode dizer que não é?” “Mas vou falar isso mesmo!”, disse
Henrique. “Mas dá para você falar no meu requerimento?”, disse Paulinho. “Dá,
dá...”, disse Henrique, já irritado, e batendo na mesa. (Procurado por ÉPOCA,
Alves afirmou, por meio de sua assessoria, não se lembrar do encontro.)
Paulinho conta que destrancou a porta e saiu. Colocou um
assessor ao lado da taquígrafa embaixo da mesa diretora da Câmara e deixou o
advogado Cedraz a postos na portaria da Câmara. Minutos depois, Alves assumiu
seu posto na mesa. Assim que ele citou o requerimento e o rejeitou, o assessor
de Paulinho pegou uma cópia com a transcrição de sua frase e levou correndo
para Cedraz. O papel com a frase de Alves foi levado imediatamente ao Supremo
Tribunal Federal (STF) e anexado a um mandado de segurança, protocolado dias
antes pelos advogados de Paulinho, aos cuidados do ministro Gilmar Mendes. A
peça afirmava que o projeto que impedia a criação de novos partidos era
inconstitucional e pedia sua interrupção. A correria para levar a transcrição
da frase de Alves era a prova de que ele fora avisado da inconstitucionalidade
do projeto e, mesmo assim, seguira com a votação. Naquela noite, o projeto foi
aprovado na Câmara e seguiu para o Senado. O senador Rodrigo Rollemberg
(PSB-DF), outro interessado no tema, apresentou recurso semelhante ao STF.
Uma semana depois, quando a matéria seria votada no Senado,
Paulinho e Rollemberg colocaram outro plano em ação. Rollemberg e os colegas
Aécio Neves (PSDB-MG), Aloysio Nunes (PSDB-SP), Cristovam Buarque (PDT-DF) e
Pedro Taques (PDT-MT) fizeram longos discursos para prolongar a sessão do
Senado e ganhar tempo, à espera de uma decisão do Supremo. Deu certo. À noite,
o ministro Gilmar Mendes concedeu uma liminar que suspendeu a tramitação do
projeto.
Para além da astúcia jurídica, o cacife de Paulinho tem
outra fonte. Se, na Câmara, ele é um entre 513 deputados, na rua é o presidente
da Força Sindical, o segundo maior conglomerado de sindicatos do país, com
1.700 entidades filiadas, representantes de cerca de 1 milhão de trabalhadores.
Sozinha, a Força Sindical recebeu neste ano R$ 42 milhões de dinheiro do
imposto sindical. Todos os anos, a Força reúne centenas de milhares de pessoas
no Primeiro de Maio. Coloca milhares de manifestantes nas ruas das cidades e no
Congresso para fazer barulho, pressionar e, com isso, influenciar resultados.
Se o governo Lula contou com o mesmo tipo de poder sindical, por meio da
Central Única dos Trabalhadores, a CUT, para se defender de crises como o
mensalão, Paulinho conta com seus sindicatos para defender causas como o fim do
fator previdenciário ou a redução da jornada de trabalho. Além de espezinhar o
governo Dilma, naturalmente.
Vinte e nove deputados já prometeram aderir ao
Solidariedade. A maioria é atraída pela oportunidade de controlar um partido em
seu Estado. Existe um outro anabolizante poderoso: dinheiro. Para atrair mais
deputados, Paulinho promete distribuir metade do valor do fundo partidário aos
deputados. O dinheiro será dividido de acordo com o número de votos que cada um
precisa para se eleger em seu Estado. O fundo partidário é público, e o partido
é entidade não lucrativa. Mas a gestão é empresarial. Por último, no caso do
Solidariedade, conta também a origem sindical. Ela provê um ativo raro nos
partidos políticos hoje: gente e capacidade de mobilização. Desde que os
políticos perderam essas duas coisas, quem as fornece à política são igrejas
evangélicas e sindicatos. Hoje, dos 594 parlamentares do Congresso, 72 são
evangélicos e 86 são sindicalistas.
Paulinho será o presidente do Solidariedade – e o criador de
partidos Marcílio Duarte será o secretário-geral. Para Paulinho, isso significa
não só comandar uma bancada de deputados e ter acesso ao dinheiro do fundo
sindical, mas também uma fração de tempo do horário eleitoral. Meia dúzia de
governadores prometem engordar o Solidariedade com deputados estaduais para, em
troca, usufruir o tempo de televisão em suas campanhas eleitorais. Criar um
partido é um ótimo negócio, até mesmo para quem está fora dele.
O Solidariedade será oposição a Dilma Rousseff. Desde o
início do mandato, Paulinho se afastou gradativamente do governo. Em 2007, ele
e a Força esqueceram a rivalidade com a CUT e o PT. Aderiram ao governo quando
Lula entregou o Ministério do Trabalho ao PDT, partido a que Paulinho era
filiado. Lula conseguiu o impensável na ocasião: unir todo movimento sindical a
sua volta. Em 2010, Lula chamou Paulinho para conversar com a candidata Dilma.
“Eu disse que ela tinha de apoiar nossa pauta. A Dilma concordou com tudo, só
não concordou com a redução da jornada. Mas, depois, esqueceu tudo”, diz
Paulinho. Após a saída de Lula, ele esteve com Dilma apenas duas vezes. A
recíproca de antipatia é verdadeira. Nas primeiras manifestações de rua em
junho, o Palácio do Planalto chegou a suspeitar que Paulinho e a Força
estivessem por trás de tudo.
Se, na eleição presidencial, o Solidariedade apoia Aécio
Neves, nos Estados estará aberto a conversar com qualquer um. Apenas em São
Paulo já está definido que apoiará a reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB) –
Paulinho controla a Secretaria do Trabalho do tucano. “Ele tem uma massa
importante para enfrentar o PT”, afirma o secretário da Casa Civil paulista,
Édson Aparecido.
No dia seguinte à vitória no TSE, durante o almoço numa churrascaria
à beira do Lago Paranoá, em Brasília, Paulinho tinha de tomar uma decisão.
“Qual você prefere?”, disse a namorada, Samanta, mostrando em seu iPhone uma
imagem enviada por publicitários. Paulinho sacou seus óculos, olhou um pouco, e
disse: “Acho que fica melhor o laranja”. Ele opinava sobre seu novo cartão de
visitas. Escolheu uma versão em que a frente tem uma parte pintada em laranja,
com seu nome e o título “Presidente Nacional”; no verso, o fundo branco e o
nome “Solidariedade” em preto, com uma tipologia quadrada. O laranja é a cor da
Força Sindical, do Solidariedade e da gravata que Paulinho usava – ultimamente,
todas são laranja. O número do Solidariedade será 77. Ao final do almoço, um
assessor chamou a atenção: o vinho escolhido tinha uma estrela de sete pontas
no rótulo. A conta ficou em R$ 770.
Em comparação com o caso de Paulinho, o principal erro de
Marina ocorreu logo no começo. Embora tivesse 12 mil colaboradores, contra 4
mil do Solidariedade, a Rede não tinha pessoal especializado na triagem de
fichas. Segundo o TSE, para criar um partido são necessárias 482 mil
assinaturas – o equivalente a 0,5% dos votos válidos da última eleição para a
Câmara dos Deputados. Até a sexta-feira passada, Marina colhera 910 mil – mas a
maioria não trazia assinaturas válidas. Para reunir os apoios, a Rede formou um
time de voluntários. Em sua maioria, eles tinham pouca ou nenhuma experiência
com a prática da política. “Nossos colaboradores eram quase todos voluntários,
sem pagamento e estrutura financeira bastante reduzida”, diz o deputado Walter
Feldman (PSDB), um dos principais idealizadores da Rede.
Entre esses voluntários – gente com ideias próprias em busca
do “consenso progressivo” – está a cantora e compositora Tereza Miguel, de 58
anos. Ela defende a liberação do consumo de drogas, desde que monitorado pelo
Estado, com acompanhamento médico. É autora de “Plantar e colher”, canção
inspirada na trajetória de Marina Silva. Tereza faz parte dos 12 mil
mobilizadores que exercem o que, na Rede, se chama “militância autoral” (os
adversários chamam esses “militantes autorais” de “sonháticos”). Segundo
Marcela Moraes, advogada de 32 anos que coordena as coletas de assinatura da
Rede, militantes autorais são aqueles que não se enxergam dentro das hierarquias
rígidas dos partidos tradicionais. Algumas das ideias defendidas
“horizontalmente” parecem já ter atingido um “consenso progressivo”. A maior
parte dos integrantes da Rede defende o fim das obras na usina de Belo Monte,
no Pará, critica as mudanças no Código Florestal e defende o direito dos
animais. “Isso está no estatuto, essa coisa da interação com o mundo, com todos
os seres vivos”, afirma Guilherme Coelho, de 36 anos, o dono do cão Zeus.
Outro ponto em comum é a insatisfação com a política e seus partidos
tradicionais, PT e PSDB no topo. Essa insatisfação ocorre, principalmente, por
causa da corrupção. ÉPOCA ouviu vários apoiadores da Rede. Quase todos estão
indignados com o julgamento do mensalão no STF. “Aceitar os recursos pelo menos
desmonta o discurso do PT de julgamento político. Amigas petistas dizem que os
fins justificam os meios, mas a ética tem de ser levada a sério”, afirma
Tereza.
Durante a jornada pelas assinaturas, uma das grandes
dificuldades dos mobilizadores foi atrair o apoio de militantes gays. Por uma
razão simples: Marina Silva é evangélica e já defendeu o pastor Marco Feliciano
(PSC) em entrevistas. Os militantes tentam convencer os grupos gays dizendo
que, mesmo que Marina seja contrária ao casamento entre homossexuais, ela abriria
um plebiscito para discutir o tema. Esse argumento não teve tanto eco entre a
comunidade gay nos mutirões de coletas. O pastor Reinaldo Mota, de 49 anos, um
dos fundadores da Rede, é contra a união estável entre gays ou a liberação das
drogas, tese defendida pela militante Tereza Miguel. Mas diz conviver bem com a
diversidade ímpar de apoiadores da Rede. “Partido não é igreja. Sou contra
vários aspectos e ideias de pessoas da Rede, mas é preciso respeitar as
diferenças. Nosso principal motivo de união é o descontentamento com a
política. Buscamos ética”, afirma Mota.
O amadorismo e as divergências não são as únicas razões das
dificuldades para o registro da Rede. Políticos que apoiam a Rede reclamam de
má vontade da burocracia. “Os cartórios eleitorais funcionam com muitos
funcionários requisitados. Há servidores da Justiça Eleitoral, mas a maioria é
de prefeituras, de câmaras municipais, de governos. Esse poder local muitas
vezes não quer um partido obviamente de oposição”, diz o deputado Miro Teixeira,
do PDT, um apoiador da Rede. A média nacional de rejeição de assinaturas é de
24%. Segundo Feldman, o município com maior índice de invalidação é São
Bernardo do Campo, com 55%. A cidade é um feudo político do PT. É comandada
pelo prefeito Luiz Marinho (PT) e é onde mora o ex-presidente Lula.
Esse tem sido o maior drama na reta final de criação do
partido. Noventa e cinco mil assinaturas foram invalidadas. Ficou famoso o caso
da cantora Adriana Calcanhotto. Ela gravou um vídeo se queixando porque sua assinatura
foi rejeitada por pendências com a Justiça Eleitoral. “Nunca esperávamos ter
esse problema”, diz a advogada Marcela. Até mesmo entre os integrantes da
executiva estadual houve casos de invalidação. Foi o caso de Júlia D’Ávila, de
24 anos, ativista ambiental e responsável pela coleta de assinaturas entre
jovens. “Ficamos sem saber o porquê de tantas assinaturas, como a minha
própria, terem sido anuladas”, diz Júlia. Sozinha, ela diz ter angariado 12 mil
apoiadores. Muitos deles com assinaturas tão válidas quanto a pata do vira-lata
Zeus Jurubeba.
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