Por Mario Cesar Carvalho e José Ernesto Credendio, do UOL
O deputado federal Gabriel Chalita (PMDB-SP) perdeu ação
judicial contra o analista de sistemas Roberto Grobman, que o acusa de
enriquecimento ilícito e de ter recebido propina quando ocupava a secretaria
estadual da Educação no governo de Geraldo Alckmin (PSDB), entre 2003 e 2006.
Chalita pedia indenização de R$ 135 mil porque considera que
Grobman praticara os crimes de calúnia, injúria e difamação aos fazer as
acusações contra ele a promotores paulistas.
O deputado é investigado pelo Ministério Público Estadual e
pela Procuradoria Geral da República sob suspeita de que empresas que forneciam
para a secretaria da Educação, como o grupo educacional COC, bancaram parte da
reforma de um apartamento duplex dele em São Paulo, em Higienópolis.
O juiz Carlos Aleksander Goldman decidiu que Grobman não
cometeu crime porque não houve má-fé por parte do acusador e porque há indícios
sobre as supostas irregularidades.
Goldman citou decisão do ex-ministro do STJ (Superior
Tribunal de Justiça) Edson Vidigal para justificar a sua posição: "A
imputação de fato criminoso a alguém, embora feita precipitadamente, não
configura o crime de calúnia, se fundada em razoável suspeita. Nesse caso, o
ânimo que move o agente não é o propósito deliberado de enxovalhar a honra de
ninguém, mas apenas a vontade de encontrar a verdade".
De acordo com o juiz, há entendimento de longo prazo nos
tribunais segundo o qual as acusações contra políticos não constituem calúnia
quando não são movidas por má-fé ou com a intenção deliberada de prejudicá-los.
INFILTRADOS
As acusações de Grobman contra Chalita foram reveladas pela
Folha em fevereiro. O analista de sistema disse ter sido contratado na
Secretaria de Educação como assessor especial de Chalita pelo empresário Chaim
Zaher, dono do grupo COC, que fornecia software educacional para o governo.
Segundo Grobman, Zaher pagava despesas de Chalita em troca
de contratos com a secretaria da Educação. O empresário nega enfaticamente que
tenha bancado o então secretário para conseguir novos negócios.
O deputado federal, que diz que as acusações de Grobman são
infundadas, não quis comentar a derrota na ação judicial ontem. O advogado de
Chalita, Alexandre de Moraes, afirmou que pretende recorrer da decisão tomada
em primeira instância.
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