SÃO PAULO, RIO e BRASÍLIA - A operadora do melhor aeroporto
do mundo, de Cingapura, vai administrar o Galeão. O consórcio Aeroportos do
Futuro, liderado pela Odebrecht em parceria com a Changi, de Cingapura, venceu
o leilão de privatização do aeroporto do Galeão com lance de R$
19.018.888.000,00 bilhões, ágio de 294% em relação ao valor mínimo estabelecido
de R$ 4,828 bilhões. A disputa foi para o leilão viva-voz, mas não houve novas
propostas.
No total, o governo arrecadou R$ 20.838.888.000,00. O leilão
durou 1h37m, com início às 10h. O ágio global do leilão ficou em 251,6%, já que
o governo esperava arrecadar R$ 5,9 bilhões.
A proposta da Odebrecht ficou muito acima das propostas dos
demais consórcios. Segundo fontes da Odebrecht ouvidas na BM&FBovespa, esta
era a última chance de a empresa ter participação na concessão de um grande
aeroporto, já que a companhia ficou fora de Cumbica, Viracopos e Brasília. Por
isso, a empresa fez uma oferta tão agressiva, com ágio de quase 300% em relação
ao valor mínimo. No leilão viva-voz não houve lances por Galeão que superassem
este valor.
O presidente da Odebrecht Transportes, Paulo Cesena, bateu o
martelo do lance vencedor. O ágio obtido no lance do aeroporto do Galeão foi o
terceiro maior, atrás apenas do aeroportos de Brasília (ágio de 673%) e
Guarulhos (373%).
Gustavo do Vale, presidente da Infraero, disse que ela se
explica pelo tempo de concessão. Enquanto para Guarulhos, a concessão vence em
20 anos, no Galeão o prazo é de 25 anos.
O governo comemorou o resultado do leilão do Galeão e de
Confins. Na avaliação do Planalto, segundo interlocutores, os lances pelo dois
aeroportos superaram as expectativas e "confirmaram a posição do governo
de que as regras eram competitivas". Para assegurar a concorrência no
setor, foram fixadas nos editais cláusulas restritivas à participação dos atuais
concessionários, o que gerou controvérsias e desagradou os fundos de pensão das
estatais, que via Invepar, já são donos de Guarulhos.
A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, suspendeu uma
reunião de coordenação por duas vezes para acompanhar o certame, que estava
sendo transmitido ao vivo pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A ministra,
segundo fontes, ligou para a presidente Dilma Rousseff, em viagem ao Ceará,
para comentar o resultado.
O presidente da BMFBovespa, Edemir Pinto, considerou o
resultado do leilão “excepcional”.
Demonstração de credibilidade, diz Infraero
De acordo com o presidente da Infraero, o leilão foi uma
demonstração de credibilidade do país, das instituições e da capacidade de
cumprir contratos, já que atraiu grandes grupos estrangeiros.
- Foram oito grupos internacionais importantes que estão
acreditando no país e no negócios dos aeroportos. Isso é muito importante para
o Brasil (trazer investimentos privados) já que a Infraero foi a única
investidora na infraestrutura aeroportuária nos últimos 40 anos - disse Vale.
Segundo ele, os vencedores terão que pagar entre R$ 900
milhões e R$ 1 bilhão por ano de outorga. E a Infraero vai pagar junto, já que
tem participação de 49% no consórcio.
- Tenho certeza que dentro de muito pouco tempo teremos um
novo ambiente nas estruturas aeroportuárias – disse o ministro da Aviação
Civil, Wellington Moreira Franco.
Ele lembrou que o objetivo com a concessão não é só uma
mudança física dos terminais aéreos brasileiros, mas a melhoria da qualidade
dos serviços.
- Queremos dar a cidadão brasileiro conforto e segurança
para ele aproveitar as oportunidades de recreação e lazer - afirmou.
Na disputa pelo Galeão, em segundo lugar ficou o consórcio
liderado por Carioca Engenharia, com aeroportos de ADP (Paris) e Amsterdã, que
ofereceram R$ 14,5 bilhões. Em terceiro lugar ficou o consórcio formado por
Ecorodovias, Invepar e Aeroporto de Frankfurt, com lance de R$ 13,113 bilhões.
O valor surpreendeu o mercado e superou, inclusive, o aeroporto de Guarulhos,
vencido pela Invepar em fevereiro do ano passado por R$ 16,2 bilhões.
O valor que será pago pelo Galeão também supera o leilão do
Campo de Libra, no pré-sal, leiloado mês passado por R$ 15 bilhões. O consórcio
vencedor do aeroporto carioca é formado pela Odebrecht Transportes S.A, liderou
com participação de 60%. Os outros 40% pertencem à empresa Excelente B.V
(Changi). A Infraero, pelo edital, fica com 49% da concessão.
O leilão do aeroporto de Confins foi mais disputado, com
pelo menos seis lances. O vencedor foi o consórcio Aerobrasil (Flughafen
München (Munique)/Flughafen Zurich (Zurique) com CCR) com proposta de R$
1.820.000,00 (ágio de 66% em relação ao valor inicial). A proposta anterior do
consórcio era de R$ 1,72 bilhão. Do consórcio Aerobrasil, a Companhia de
Participações em Concessões CPC-CCR liderou com 75%, a Zurich Airport Servives
Worldwild entrou com 24% e a Munich Airport International ficou com 1%.
Com a concessão de Galeão e Confis, somando ao movimento de
Guarulhos, Viracopos e Brasília, passaram pelos aeroportos privados 85,4
milhões de pessoas em 2012, 44,2% do total nacional. Levando em conta a
movimentação internacional, passaram pelos aeroportos 16,8 milhões de pessoas
no ano passado, 88,7% do total.
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