Por Luciana Nunes Leal, O Estado de S. Paulo
RIO - A executiva do PSOL-RJ decidiu por unanimidade
recomendar a expulsão da deputada estadual Janira Rocha, suspeita de se
apropriar de parte dos salários dos funcionários do gabinete e de usar em
campanha recursos do Sindicato dos Trabalhadores Públicos Federais em Saúde e
Previdência Social (Sindsprev), o que é proibido pela legislação eleitoral.
Janira responde a sindicância na comissão de ética nacional
do partido e na Corregedoria da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro
(Alerj). Depois de dois meses de licença médica, ela voltou nesta terça-feira à
atividade parlamentar e prestou depoimento à Corregedoria. A deputada disse que
os servidores faziam contribuições voluntárias para atividades partidárias e
negou ter desviado recursos do sindicato.
A assessoria de imprensa da deputada informou que Janira
encaminhará por escrito sua defesa à comissão de ética do PSOL e que a
executiva estadual sequer deu a ela oportunidade de apresentar sua versão. O
presidente do PSOL-RJ, Rogério Norberto da Cunha Alimandro, disse que a
indicação de expulsão de Janira será encaminhada à Comissão de Ética, mas
lembrou que a decisão final cabe à Executiva Nacional do partido.
"Aguardamos o fim da licença médica para emitir a opinião da executiva
estadual. A avaliação é que o grupo político em torno da deputada não
estabeleceu uma fronteira entre o sindicato e o partido", afirmou.
Em setembro, dois ex-assessores de Janira, Marcos Paulo
Alves e Cristiano Valadão, procuraram a deputada licenciada Cidinha Campos (PDT-RJ)
e teriam pedido R$ 1,5 milhão em troca de um dossiê com informações sobre os
ilícitos praticados por Janira. Detidos pela Polícia, negaram a acusação e
foram liberados, mas denunciaram Janira.
Depois deste episódio, Janira deixou os cargos de presidente
estadual do PSOL e de líder do partido na Assembleia, mas até agora tem
resistido às pressões para renunciar ao mandato. A Corregedoria da Assembleia
encaminhará um relatório à Mesa Diretora, a quem cabe a decisão de acionar ou
não o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar para abertura de um processo de
cassação do mandato.
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