Por Marcelo Portela, O Estado de S. Paulo
BELO HORIZONTE - Uma operação das Polícias Federal e Militar
na fronteira entre Minas Gerais e Espírito Santo, no domingo passado, 24, levou
à captura de um helicóptero com 443 quilos de pasta de cocaína e à prisão de
quatro pessoas. A polícia constatou que o aparelho é da família do senador ZezéPerrella (PDT-MG) e quem o pilotava era Rogério Almeida Antunes, funcionário da
Assembleia Legislativa mineira, que estava lotado na 3.ª Secretaria e servia ao
filho do senador, deputado Gustavo Perrella (SDD).
Exonerado já na segunda-feira - a decisão deve sair hoje no Minas Gerais, o
diário oficial do Estado - , Antunes, 36 anos, era empregado da Limeira
Agropecuária e Participações. Ele só perdeu o cargo da Assembleia, onde recebia
R$ 1.700 mensais, depois que sua ligação com a Casa se tornou pública. A
Limeira foi fundada pelo senador e hoje pertence a Gustavo, à sua irmã Carolina
e a um sobrinho do senador, André Almeida Costa.
A prisão de Antunes ocorreu no domingo em Afonso Cláudio
(ES). Além dele foram presos o copiloto Alexandre José de Oliveira Júnior, de
26 anos, Róbson Ferreira Dias, de 56, e Everaldo Lopes de Souza, de 37.
Titular da 3.ª Secretaria da Assembleia mineira, o deputado
Alencar Silveira Júnior (PDT) confirmou que a indicação de Antunes partiu de
Gustavo Perrella, que preside a Comissão de Turismo da Casa. "As
indicações são feitas pelos presidentes das comissões. Todos os documentos
exigidos foram apresentados pelo rapaz. Nem eu nem o presidente da Assembleia
temos como contestar nenhuma indicação", disse Alencar.
Ele não sabe informar o tipo de serviço que era prestado por
Antunes e nem se ele comparecia à Assembleia - controle que, segundo ele, cabe
à direção da Casa ou ao gabinete do deputado ao qual ele respondia. "Cada
deputado tem direito a nomear até 24 funcionários", avisou.
Furto. Gustavo Perrella disse que vai acusar Antunes de
furto porque ele "não tinha autorização" para fazer o voo que
resultou na prisão em flagrante. Segundo a assessoria da Casa, a Antunes era
encarregado de "serviços gerais". A assessoria explicou, ainda, que
não há controle da direção sobre o ponto ou o trabalho executado pelos
assessores. Ao tentar contato com o deputado, o Estado foi informado de que ele
estava em Brasília.
A captura do helicóptero da Limeira para o transporte dos
443 quilos de pasta de cocaína não é o primeiro episódio policial a envolver a
empresa da família Perrella. Em 2011, o Ministério Público Estadual abriu procedimento
para investigar a evolução patrimonial de Zezé Perrella, então presidente do
Cruzeiro, após se divulgar que ele teria uma fazenda avaliada em R$ 60 milhões.
Um ano antes, ao assumir no Senado, na vaga de Itamar
Franco, ele havia declarado à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 490 mil. Na
ocasião, afirmou que a fazenda pertence à Limeira e que esta foi transferida
para seus filhos e o sobrinho.
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