Da revista Caros Amigos
O Brasil acompanha pelo noticiário a escalada de violência
de Estado contra comunidades pobres no Rio de Janeiro. A ex-capital federal é
hoje exemplo de como prejudicar a população governando para grupos específi cos
de interesses privados. Se como afirmam especialistas as Jornadas de Junho
tiveram como fundo graves problemas na estrutura urbana – transporte, moradia,
saúde… –, o Rio de Janeiro é emblemático: intervenções urbanas que atendem a
esses interesses têm tornado a vida mais difícil para a maior parte da
população, o que só piorou com Copa e Olimpíadas. Boa parte dos investimentos
que vêm sendo feitos atende à rica Zona Sul, enquanto a polícia, cada vez mais
armada nas UPPs, atende com a costumeira violência às comunidades há muito
marginalizadas.
Caos no RJ
Na reportagem de capa, Caros Amigos investiga o que está
ocorrendo na cidade e mostra que as intervenções urbanas significam despejos e
ameaças às famílias, pressionadas para entregarem seus imóveis, como no caso da
construção das vias de trânsito rápido (BRTs). À revelia do Plano Diretor, as
intervenções viárias atendem à região da Tijuca, que passa por valorização
imobiliária sem precedentes, com os especuladores forçando a retirada de
algumas “pedras” no caminho – um exemplo é a Vila Autódromo, encravada nessa
região, cujos moradores lutam contra o despejo interesseiro: uma vila onde
querem condomínios de luxo.
Os mesmos interesses privados estão em boa parte das vozes
que novamente se levantam contra a Petrobras, outra reportagem da edição. Com
um elemento a mais neste ano: as eleições. A reportagem entrevista
especialistas e sindicalistas sobre questões como a compra da refi naria em
Pasadena, mas também mostra que as críticas contra a estatal são como ondas em
momentos específicos – como na aprovação da Lei de Partilha do pré-sal –, e
várias delas são recicladas de tempos em tempos. Qualquer suspeita de corrupção
deve ser investigada e punida quando comprovada, mas no caso da Petrobras o
novelo tem muitas outras pontas e obviamente algumas políticas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário