quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

A ALTA INDECENTE DOS JUROS E A "TRAIÇÃO" DE DILMA

A decisão do Banco Central de aumentar a taxa básica de juros (Selic) pela segunda vez depois das eleições, de 11,25% para 11,75% ao ano, o maior nível em três anos, é um escândalo. Não pela alta dos juros em si, mais que necessária para conter a inflação no atual cenário de descalabro fiscal e de estagnação econômica – marcas registradas do governo Dilma. Mas principalmente pela total desconexão entre o que o governo petista está fazendo agora e as posições que Dilma e o partido defenderam durante a campanha – algo que no folclore político nacional convencionou-se chamar, sem rodeios, de “estelionato eleitoral”.
Depois de “demonizar” Marina e Aécio como candidatos dos banqueiros, que iriam elevar os juros e  tirar comida do prato do povo, Dilma escancara a sua total falta de compromisso com a verdade e a sua ligação  com o projeto de poder do PT, que parece não ter limites para a expansão de seus tentáculos e para as suas manobras, como mostra a teia de corrupção montada na Petrobras e em outras empresas e órgãos estatais. Diante do abismo entre o discurso de palanque e a realidade, é natural que os eleitores de Dilma, que acreditaram no blá, blá, blá do marqueteiro João Santana, capaz de fazer qualquer coisa para vencer uma eleição,  sintam-se traídos. E os eleitores de Aécio e de Marina, que foram estigmatizados na TV e em praça pública, fiquem revoltados com a falta de ética e de escrúpulos de Dilma e seus vassalos.
A nova alta anunciada pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) comprova que os juros só não subiram antes para não prejudicar o desempenho de Dilma nas eleições. Não precisa ter um QI genial, mas apenas um mínimo de independência da tropa de choque petista, para concluir que a inércia pré-eleitoral do BC se deu não por razões técnicas, como seria de se esperar de um órgão de tal envergadura, mas por influência política e interesse eleitoreiro de Dilma. Como muitos analistas já suspeitavam, fica claro agora que a  “presidenta”, como ela gosta de ser chamada, em franca confrontação com o vernáculo, fez valer seu poder quase imperial para subjugar o Banco Central e postergar a alta dos juros, que deveria ter ocorrido meses atrás, para depois do pleito.
Isso, com certeza, não contribui em nada para reforçar a credibilidade do economista Alexandre Tombini, presidente do BC, num momento em que Dilma anuncia mudanças na política e na equipe econômica e confirma a permanência de Tombini no cargo em seu segundo mandato.
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