Os presidentes Barack Obama e Raúl Castro anunciaram nesta
quarta-feira (17) o restabelecimento das relações dos Estados Unidos e Cuba. O
embargo comercial ao país caribenho, no entanto, permanecerá.
Obama confirmou que Cuba libertou nesta quarta o prisioneiro
americano Alan Gross e, em troca, três agentes de inteligência cubanos que
estavam presos nos Estados Unidos voltaram à ilha. A transferência de Gross e
dos cubanos Luis Medina, Gerardo Hernandez e Antonio Guerrero foram concluídas.
Os EUA anunciaram as seguintes medidas:
- restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois
países;
- facilitar viagens de americanos a Cuba;
- autorização de vendas e exportações de bens e serviços dos
EUA para Cuba;
- autorização para norte-americanos importarem bens de até
US$ 400 de Cuba;
- início de novos esforços para melhorar o acesso de Cuba a
telecomunicação e internet.
As medidas incluem ações práticas como o restabelecimento de
uma embaixada americana em Havana e a revisão da designação dada pelos EUA a
Cuba de Estado que patrocina o terrorismo.
Obama também disse que espera um debate sério do Congresso
norte-americano para que levante o embargo que o país mantém a Cuba, que proíbe
a maioria das trocas comerciais. Os dois países não se relacionavam desde 1962
- mantendo apenas seções de interesse de nível menor desde 1977 em suas
respectivas capitais.
Obama disse que a normalização das relações com Cuba
encerram uma "abordagem antiquada" da política externa americana. Ao
justificar a decisão, o presidente disse que a política "rígida" dos
EUA em relação a Cuba nas últimas décadas teve pequeno impacto.
O presidente americano afirmou acreditar que os EUA poderão
"fazer mais para ajudar o povo cubano" ao negociar com o governo da
ilha.
Ele usou uma frase em espanhol durante o discurso:
"Todos somos americanos".
"A mudança é difícil nas nossas vidas e na vida das
nações. E a mudança é ainda mais difícil quando nós carregamos a carga pesada
da história nos nossos ombros. Mas hoje nós estamos fazendo essas mudanças
porque é a coisa certa a fazer."
Em Havana, Raúl Castro confirmou o restabelecimento de
relações diplomáticas e disse que quer restabelecer os vínculos especialmente
no que se refere a viagens, correio postal direto e telecomunicações.
"Exorto ao governos dos Estados Unidos a remover os
obstáculos que impedem os vínculos entre nossos povos", disse Castro.
"Devemos aprender a arte de conviver de forma
civilizada com nossas diferenças"
Raúl Castro
'Profundas diferenças'
Castro disse ainda que reconhece que há “profundas
diferenças” entre os dois países, “fundamentalmente em matéria de soberania
nacional, democracia, direitos humanos e política exterior”, para em seguida
completar: “Reafirmo nossa vontade de dialogar sobre todos esses temas.”
O presidente cubano ainda disse que a ilha vai libertar e
mandar para os EUA um homem de origem cubana que espionou para os americanos --
não se trata, nesse caso, de Alan Gross, que já está em solo americano.
Papel do Vaticano
Obama e Castro mencionaram o papel do Vaticano e do Papa
Francisco em facilitar as negociações históricas entre os dois países. Obama
dissse que o Papa ajudou ao pressionar pela libertação do americano Alan Gross.
Raúl Castro também agradeceu o apoio do Papa Francisco para "ajudar a
melhorar as relações entre Cuba e os EUA". Ele também agradeceu ao Canadá
pelo apoio logístico.
Após o anúncio, Papa Francisco parabenizou os dois países e
disse que continuará a apoiar o fortalecimento das relações bilaterais.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que a troca
de prisioneiros entre EUA e Cuba foi um gesto "corajoso" do
presidente Barack Obama e que tratou-se de uma vitória para a ilha. "Temos
que reconhecer o gesto de Obama, um gesto corajoso e necessário", disse
Maduro a líderes do Mercosul em reunião na Argentina.
Conteúdo do G1.
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