Por Rodrigo Constantino, via Blog do Noblat
Caro leitor, sei que hoje é terça de carnaval, e a última
coisa que quero é azedar o seu clima de folião. Tampouco acho que a situação
caótica de nossa economia deveria impedir sua diversão.
O ser humano tem direito às fugas da dura realidade de vez
em quando, e talvez elas fiquem mais prementes à medida que a situação piore.
Mas gostaria de trocar dois dedos de prosa com você.
Só o fato de estar lendo esse texto num dia desses demonstra
que faz parte da turma preocupada com os rumos de nosso país, buscando mais
informação ou reflexão sobre política e economia. Infelizmente, sinto lhe
informar que faz parte de uma minoria. Ao menos é o que percebo olhando em
volta. A maioria parece estar tranquila, preocupada mais com a sua escola de
samba do que com o futuro do Brasil.
Acha que exagero? Nem tanto, nem tanto. Senão, vejamos:
nossa economia está prestes a entrar em recessão, a inflação passou de 7% ao
ano e não deve cair tão cedo, corremos o risco de apagão mesmo com a conta de
luz subindo sem parar, falta água, as empresas pararam de investir e começam a
demitir, a gasolina sobe justo quando o petróleo desaba lá fora, os brasileiros
estão muito endividados e a taxa de juros só sobe, o dólar se valorizou
bastante e não há a menor perspectiva de melhora à frente. E isso foi apenas a
parte econômica.
Peço sua vênia para passarmos para a política agora. O
“petrolão” já fez o “mensalão” entrar para o rol de crimes de pequenas causas,
com suas cifras bilionárias.
Nunca antes na história deste país se viu tanta corrupção, e
os militantes petistas ainda tentam nos convencer de que isso se deve ao
governo que agora investiga mais, como se quem investigasse não fossem as
instituições de estado, com o governo criando obstáculos (tentando impedir a
CPI, por exemplo).
Uma quadrilha montou o maior esquema de desvio de recursos
públicos de nossa história bem diante de nossos olhos, e o que a Operação
Lava-Jato trouxe à tona até agora já seria o suficiente para derrubar o governo
em qualquer país sério. Mas o PT diz que falar em impeachment é “golpismo”.
Aliás, parêntese: um país sério jamais deixaria passar
impune esse escandaloso estelionato eleitoral em curso. Os americanos foram
acusados de hipócritas quando quase derrubaram Clinton por conta de uma
mentirinha sobre sexo oral, mas o que nossos “intelectuais” antiamericanos não
entendem é que aquele povo não tolera a mentira escancarada dessa forma. Fecho
o parêntese.
Volto ao “petrolão”: o PT, partido da presidente, está
envolvido até o pescoço, e tudo que Dilma faz, quando não está sumida, é
repetir que não vai transigir com os “malfeitores”. Enquanto isso, seu partido
trata como herói seu tesoureiro, que teria desviado centenas de milhões para
irrigar o caixa da campanha dos petistas.
Já o deprimi o bastante? Calma, estimado leitor. Tome um
Prozac. Eu espero. Tomou? Então vamos lá: não são “apenas” a economia e a
política que vão muito mal; a saúde, a educação, o transporte público e a
segurança também. Ou seja, as funções precípuas do Estado, aquelas que
supostamente estariam bem atendidas pelos 40% de impostos que pagamos. Que tal
a prestação de serviço do governo?
A carga tributária não para de aumentar. O leitor percebeu
alguma melhora nessas áreas? Nem eu. Aliás, as estatísticas mostram que
pioraram mesmo. O Brasil caiu no ranking do Pisa por exemplo, que mede a
qualidade do ensino.
O governo importou como se fossem escravos milhares de
“médicos” cubanos, mandando bilhões para o ditador Castro. Por acaso o leitor
notou um salto de qualidade no SUS? De segurança é melhor nem falar. Começamos
o ano com balas “perdidas” encontrando um alvo inocente por dia!
Agora que dei um panorama bem resumido do que vem
acontecendo com nosso país nos últimos anos, pergunto: o povo está ou não está
tranquilo, ignorando tudo isso? Afinal, milhares tomaram as ruas em junho de
2013, e o pretexto era o aumento de vinte centavos na passagem de ônibus.
Hoje vemos a Petrobras dizer que uma firma independente
encontrou mais de R$ 60 bilhões de excesso de valor lançado nos ativos da
empresa, e fica por isso mesmo. Ou seja, o PT está destruindo a maior estatal
do Brasil, e ninguém parece ligar muito. O petróleo é nosso?
Naquela época, antes de os vândalos mascarados dos “black
blocs” destruírem as manifestações espontâneas da população, muitos acreditaram
que o gigante havia acordado. Não fui tão otimista. E detesto dizer que estava
certo em meu ceticismo. O gigante, meu caro, pode até ter acordado, mas
resolveu é cair no samba!
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