Morreu na tarde desta quarta-feira, 17, o ex-presidente da
Câmara dos Deputados e ex-embaixador do Brasil em Portugal, Antonio Paes de
Andrade (88). Segundo familiares, ele foi vítima de falência múltipla dos
órgãos. O velório ocorrerá no Salão Negro do Senado, a partir das 8h desta
quinta-feira, 18.
Natural de Mombaça, no Sertão Central, Paes de Andrade foi
presidente da Câmara dos Deputados entre 1989 e 1991, assumindo por diversas
vezes a Presidência da República. Em uma dessas ocasiões, sancionou projeto de
construção do açude Castanhão.
Paes de Andrade era presidente de honra do PMDB e sogro do
senador Eunício Oliveira (PMDB). "O legado de Paes de Andrade, para mim,
está sintetizado em uma frase que um dia o ouvi falar: 'O que eu vou deixar
para meus netos e meus filhos são as minhas mãos limpas e a minha honra'",
disse Eunício.
Na tarde desta quarta, o governador Camilo Santana (PT)
divulgou nota lamentando a morte de Paes de Andrade. "Ele sancionou,
inclusive, o projeto de construção do açude Castanhão. Paes de Andrade também
foi embaixador do Brasil em Portugal. Deixo aqui meu abraço e meus sentimentos
à família e aos amigos, e declaro luto oficial de três dias no Estado",
diz. No Senado, Tasso Jereissati (PSDB) solicitou voto de pesar em homenagem ao
político.
Diversos outros políticos do Estado, como José Guimarães
(PT) e o presidente da Assembleia, Zezinho Albuquerque (Pros), também lançaram
notas lamentando a morte de Paes de Andrade. Sessão da Assembleia Legislativa
foi suspensa em homenagem ao ex-deputado.
Biografia
Filho de José Alves de Castro e Raimunda Paes de Andrade.
Casou-se com Zilda Maria Martins Rodrigues de Andrade, filha de José Martins
Rodrigues, deputado federal pelo Ceará de 1955 a 1969. Teve quatro filhas.
Iniciou seus estudos superiores em 1949 na Faculdade de Direito do Distrito
Federal, formando-se em 1953. Foi eleito deputado estadual no Ceará pelo PSD em
1950 e reeleito em 1954 e 1958 até 1962.
Eleito pela primeira vez para o cargo de deputado federal em
1963 e reeleito em 1966 pelo MDB, por causa da institucionalização do
bipartidarismo. Foi por várias vezes reeleito, sempre representando seu estado
natal, o Ceará. Foi presidente da Câmara dos Deputados de fevereiro de 1989 a
fevereiro de 1991. É filiado desde 1980 ao PMDB, do qual já foi presidente
nacional no ano de 1994.
Foi primeiro secretário da mesa diretora da Câmara dos
Deputados no período de 1987 a 1989, quando em fevereiro deste último ano foi
eleito presidente da Câmara dos Deputados, sucedendo a Ulysses Guimarães. Como
presidente da Câmara dos Deputados e substituto constitucional do presidente
José Sarney, Paes de Andrade assumiu a Presidência da República por 12 vezes
durante o ano de 1989. Em uma dessas oportunidades, aproveitou para fazer uma
visita presidencial à sua cidade natal, acompanhado de uma expressiva comitiva,
sendo acusado de gastos excessivos. Foi por isto apelidado de “Presidente
Mombaça”.
Foi embaixador do Brasil em Portugal de 2003 a 2007.
Publicou A reestruturação agrária do Nordeste (1968), Afirmação democrática do
Nordeste (1971), O itinerário da violência (1976), O poder absoluto (1977), A
violência da reforma e a denúncia de Caracas (1979), Francisco Pinto, as
imunidades parlamentares e a Lei de Segurança Nacional (1980), As secas (1980),
O poder ou o subpoder (1980), A greve no ABC e os bispos do Brasil (1980), A
universidade e o professor (1980), CNBB e reflexão cristã, O Poder Legislativo
e o golpe militar na Bolívia (1980), A inviolabilidade absoluta, Dom Hélder e o
seu cinqüentenário de ordenação (1981), Comemoração do CLX aniversário da
Confederação do Equador, 1824-1984 (1984), Proposta de ação econômica e social
(1985), A Interparlamentar e os direitos humanos (1987), O Brasil e a União
Interparlamentar (1988), Perfis parlamentares: Martins Rodrigues (1989),
História Constitucional do Brasil – em co-autoria com Paulo Bonavides (1989) e
Presença na Constituinte.
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