Se já não estava fácil convencer o investidor privado a
apostar em concessões de infraestrutura, agora o cenário se complica ainda mais
com a decisão da Fitch de retirar o grau de investimento do Brasil. É
praticamente unanimidade entre economistas e especialistas do setor que o
governo terá que mexer nas condições de suas ofertas, caso queira garantir
algum interesse nos projetos.
"O que podemos antever é um aumento da fuga de
investimentos, mais aumento de juros e inflação. Paralelamente, o governo
também não investe, ou seja, todas as perspectivas são ruins. Qual é o maluco
que vai investir no país em um momento desses?", questiona Gil Castello
Branco, secretário-geral da organização Contas Abertas.
As concessões de rodovias, portos, aeroportos e ferrovias
são a bala de prata do governo para tentar manter algum nível de investimento
no ano que vem, já que os cofres do Tesouro estão em frangalhos e são mínimas
as condições de retomada do investimento público.
Quando o Brasil foi alvo do rebaixamento pela Standard &
Poor's, em setembro, empresários já reclamaram das condições financeiras e das
taxas de retorno oferecidas pelo governo e cobraram revisões. O governo, no
entanto, disse que as margens já tinham precificado o caos econômico. A
tendência agora é que essa pressão por condições mais atrativas se
intensifique, com o rebaixamento dado pela Fitch.
"Vivemos um ambiente de enorme instabilidade
regulatória e insegurança jurídica. O investidor minimamente sério vai esperar
o cenário clarear", diz Adriano Pires, presidente do Centro Brasileiro de
Infraestrutura (Cbie) e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ).
O governo prepara uma grande rodada de concessões para o
primeiro semestre do ano que vem. Estão na agenda ofertas de trechos de
rodovias, terminais portuários e aeroportos. Há muitas dúvidas ainda sobre o
modelo de oferta das ferrovias. Os projetos aeroportuários são os de maior
atratividade, porque envolvem menor risco para o empreendedor.
Da Veja
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