A falta de produtos nas prateleiras dos supermercados da
Venezuela tem feito os preços de produtos básicos dispararem a níveis de
artigos de luxo.
Um pacote de 1 quilo de leite em pó chegou a ser vendido por
2.125 bolívares no país, segundo veículos que fazem oposição ao governo de
Nicolás Maduro, como o jornal "Correo del Caroní" e o site
"DolarToday" (apesar do nome em inglês, é venezuelano).
Se for considerado o câmbio oficial (US$ 1 = 6,30
bolívares), mantido de forma artificial pelo governo venezuelano, equivaleria a
mais de R$ 1.350.
Na prática, como o câmbio acessível à maioria das pessoas na
Venezuela é o paralelo, muito mais desvalorizado (US$ 1 = 900 bolívares, mais
ou menos), 2.125 bolívares seriam o equivalente a R$ 9,50.
Já faltou camisinha
Não é a primeira vez que a falta de produtos nas prateleiras
ou preços abusivos na Venezuela viram notícia. Há um ano, o UOL divulgou
notícia informando que um pacote com 36 camisinhas, difíceis de encontrar no
país, chegava a custar até 4.760 bolívares (cerca de R$ 3.087 atualmente).
Em outro caso, o McDonald's passou a oferecer mandioca frita
aos clientes no país, devido à falta de batatas.
'Comer na Venezuela é um luxo'
"Comer na Venezuela é um luxo. Agora, você tem de
estabelecer prioridades: se compra o leite, não pega a carne nem o frango,
porque tudo está impossível de comprar", disse a dona de casa Sonia
Indriago ao jornal.
Por causa disso, os poucos pacotes de leite em pó que chegam
aos supermercados não encontram compradores, segundo a reportagem.
O Ministro da Agricultura e Terras, Wilmar Castro Soteldo,
afirmou que iria analisar a estrutura de custos do leite, da carne e do açúcar
para desenvolver um plano para diminuir os custos de produção, segundo a
Agência de Notícias da Venezuela.
Maior inflação do mundo
A escassez de produtos no país tem contribuído para a
disparada da inflação. Segundo o banco central venezuelano, a alta dos preços
em 12 meses atingiu 141% em setembro, último dado divulgado pelo órgão.
Projeções do FMI (Fundo Monetário Internacional), no
entanto, são ainda mais pessimistas. De acordo com o fundo, a previsão de
inflação para 2015 gira em torno de 160%, a maior do mundo, e deverá chegar a
720% em 2016.
Estado de emergência econômica
A crise vivida pela Venezuela levou o presidente Nicolás
Maduro a decretar, no último dia 15, "estado de emergência econômica"
por 60 dias.
A medida dá ao governo controle sobre o orçamento. Com isso,
ele pode, por exemplo, fazer compras em regime de urgência sem licitação e
dispensar os "trâmites cambiais" estabelecidos pelo banco central
para facilitar a importação de produtos.
No entanto, a Assembleia Nacional da Venezuela, de maioria
oposicionista, rejeitou o decreto na última sexta-feira, sob o argumento de que
a medida não oferecia soluções para a crise econômica do país.
O governo Maduro trava uma disputa com oposicionistas, que
pedem a renúncia imediata do presidente diante da crise econômica do país.
Do UOL, com agências internacionais
Nenhum comentário:
Postar um comentário