O ministro da Transparência, Fiscalização e Controle,
Fabiano Silveira, telefonou no início da noite de hoje (30) ao presidente
interino Michel Temer e pediu demissão do cargo. A informação foi confirmada há
pouco pelo Palácio do Planalto.
De acordo com a assessoria de imprensa da Presidência,
Silveira ainda não se reuniu pessoalmente com Temer. Ele ainda pode entregar
uma carta de demissão ao presidente interino, mas Temer não se opôs ao pedido
de Silveira. O substituto de Silveira ainda não foi divulgado.
A situação de Fabiano Silveira na pasta ficou fragilizada
após virem à tona conversas gravadas em que ele aparece criticando a Operação
Lava Jato e dando orientações para a defesa de investigados em esquema de
desvios de recursos na Petrobras, como o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL).
Desde o início do dia, protestos organizados pelos
servidores da antiga Controladoria-Geral da União (CGU) foram feitos em
Brasília, incluindo um ato em frente ao Planalto e entrega de cargos por parte
dos funcionários.
Os funcionários fizeram uma lavagem das escadas em frente à
entrada do ministério.
Nota
Em conversas gravadas, reveladas pelo programa Fantástico ,
da TV Globo , Silveira aparece criticando a Operação Lava Jato e dando
orientações para a defesa de investigados em esquema de desvios de recursos na
Petrobras. Segundo a reportagem, as gravações foram feitas por pelo
ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado no fim de fevereiro, durante um
encontro na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Funcionário de carreira do Senado, Silveira participou da
reunião quando ainda era integrante do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), e seria
indicado por Calheiros para o cargo. A conversa ocorreu antes de assumir o
comando da pasta criada pelo presidente interino Michel Temer para substituir a
extinta Controladoria-Geral da União (CGU), órgão que era responsável por
investigar e combater a corrupção no governo.
Nos áudios, Machado, Renan, Silveira e Bruno Mendes,
advogado do presidente do Senado, discutem a cobertura da mídia e estratégias
de defesa envolvendo a Operação Lava Jato.
Em um dos trechos, Silveira diz que a Procuradoria-geral da
República (PGR) “está perdida nessa questão”, ao comentar as investigações
envolvendo Sérgio Machado no âmbito da Lava Jato.
Em um momento anterior da conversa, Silveira parece orientar
Renan Calheiros a não entregar à PGR uma versão de sua defesa para os fatos
investigados.
“A única ressalva que eu faria é a seguinte: está entregando
já a sua versão pros caras da... PGR, né.
Entendeu? Presidente, porque tem uns detalhes aqui que eles... (inaudível) Eles não terão condição, mas quando você
coloca aqui, eles vão querer rebater os detalhes que colocou. (inaudível)”, diz
Silveira nos áudios veiculados pela TV Globo .
Em outra passagem, Renan se demonstra preocupado com uma
denúncia de que sua campanha teria recebido R$ 800 mil em propinas ligadas à
Transpetro. "Cuidado, Fabiano! Esse negócio do recibo... Isso me preocupa
pra c...", afirma o presidente do Senado.
A reportagem da TV Globo disse ter apurado que Silveira
serviu como emissário de Calheiros no contato com pessoas ligadas a
investigações da Lava Jato.
Por meio de nota enviada hoje (30) à Agência Brasil ,
Fabiano Silveira disse ter comparecido “de passagem” à residência do presidente
do Senado, sem saber da presença de Sérgio Machado, com quem não tem nenhuma
relação pessoal ou profissional. Ele negou ter feito qualquer intervenção em
órgãos públicos a favor de terceiros. “Chega a ser um despropósito sugerir que
o Ministério Público [...] possa sofrer interferências”, diz a nota.
As conversas entre Sérgio Machado e membros da cúpula do PMDB
começaram a vir à tona há uma semana, quando o jornal Folha de S. Paulo
publicou trechos de áudios em poder da Procuradoria-Geral da República (PGR). O
executivo teria gravado as conversas para negociar uma delação premiada, pois
temia ser preso na Lava Jato.
Da EBC - Agência Brasil, via Terra
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