Desde que assumiu o governo de Minas Gerais, Fernando
Pimentel (PT) coleciona problemas com a Justiça. Não bastasse a denúncia de
corrupção que pode afastá-lo a qualquer momento se aceita pelo Superior
Tribunal de Justiça, o petista passou à condição de investigado formal em outro
caso da Operação Acrônimo na última semana. O ministro Herman Benjamin, do STJ, autorizou a Polícia Federal a indiciá-lo
por ter recebido propina para facilitar empréstimos a empreiteiras. É o último
passo antes de uma denúncia formal pela Procuradoria-Geral da República. As
investigações apontam que Pimentel, então ministro do Desenvolvimento no
primeiro mandato do governo Dilma, exigiu cerca de R$ 25 milhões do grupo
Odebrecht. Em troca, prometeu ajuda para que o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) concedesse créditos para obras em
Moçambique e na Argentina. Segundo a delação do operador do petista, Benedito
Oliveira, o Bené, o acordo ilícito saiu do papel, mas a construtora não aceitou
pagar a quantia exigida. Liberou R$ 12 milhões, parte em espécie. A negociata
teria o consentimento de Marcelo Odebrecht, também indiciado.
O cerco se fecha
O cerco, para desespero de Pimentel, está se fechando. Na
quinta-feira 17, foi deflagrada uma nova operação para investigar se ele e
pessoas próximas receberam vantagens para atuarem na liberação de empréstimos
em obras no exterior e fraudarem licitações do ministério da Saúde. Já outro
inquérito reaberto contra o petista demonstra para onde foi o dinheiro da
corrupção. Financiou o caixa dois da sua campanha ao governo de Minas Gerais.
De acordo com depoimentos do operador Bené, as despesas eleitorais superam em
R$ 28 milhões o valor oficial de R$ 52 milhões declarado ao Tribunal Superior
Eleitoral.
Em outra frente, Pimentel já foi denunciado pela Operação
Acrônimo ao Superior Tribunal de Justiça em maio. Procuradores o acusam de ter
recebido propina de uma empresa automobilística em troca da concessão de
benefícios fiscais, quando era ministro. Até agora, a Corte não se manifestou
se aceita ou não. De acordo com a Constituição de Minas Gerais, se virar réu,
Fernando Pimentel será automaticamente apeado do cargo. Assumirá o vice Antônio
Andrade, do PMDB. Na tentativa de permanecer no cargo, o petista ingressou com
um pedido para que só responda ao processo se a Assembleia Legislativa
autorizar. O recurso possui poucas chances de prosperar, mas serviu para lhe
dar mais tempo. Foi três vezes adiado por pedidos de vista. Enfim, deverá ser
julgado nos próximos quinze dias.
Petista enrascado
Fernando Pimentel enfrenta sucessivas acusações. Confira:
1. Exigiu dinheiro para ajudar empreiteiras a obterem
empréstimos para obras na Argentina e em Moçambique
2. Recebeu propina em troca da concessão de benefícios
fiscais para uma empresa do ramo automobilístico
3. Os gastos com a campanha de Pimentel a governador foram
R$ 28 milhões acima dos R$ 52 milhões declarados
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