O governador do Tocantins Marcelo Miranda (PMDB), o
ex-governador do estado Siqueira Campos e o secretário de infraestrutura Sérgio
Leão são alvos de uma operação da Polícia Federal contra corrupção e lavagem de
dinheiro no estado. O governador e o ex-governador Siqueira Campos foram
conduzidos coercitivamente para prestar depoimento. Leão foi preso
temporariamente e está na sede da PF em Palmas.
A operação, chamada Reis do Gado, foi deflagrada nesta
segunda-feira (28), também cumpre mandados no DF, GO, PA e SP. O suposto
esquema de fraudes em licitações públicas envolvia empresas de familiares e
pessoas de confiança do governador e aconteceu entre 2005 e 2012, segundo a PF.
Até o momento, foram identificados que R$ 200 milhões foram efetivamente
lavados.
A Secretaria de Comunicação do Estado disse que o governador Marcelo Miranda determinou livre
acesso às dependências da sua casa e do Palácio Araguaia. "Até o momento,
tanto a Procuradoria Geral do Estado (PGE), quanto o escritório de advocacia,
que representa Marcelo Miranda, não tiveram acesso à decisão da Justiça",
diz nota enviada.
A assessoria de comunicação de Siqueira disse que ele
prestou depoimento nesse processo, no entanto, foi como testemunha e não como
investigado. "O ex-governador Siqueira Campos não é investigado na
operação Reis do Gado e reitera prosseguir à disposição da Justiça e da Polícia
Federal para prestar qualquer esclarecimento sempre que for solicitado."
O G1 ainda tenta contato com secretário de infraestrutura.
Operação
Nesta manhã, policiais foram até a casa do governador
Marcelo Miranda na quadra 404 Sul para cumprir o mandado de condução
coercitiva, que é quando a pessoa é levada para depor. No entanto, ele não
estava na residência. Um chaveiro foi chamado para abrir a porta. No local, a
polícia faz buscas por documentos.
O governador estava em viagem para Araguaína e está sendo
conduzido coercitivamente para a sede da Polícia Federal, em Palmas. A polícia
também cumpre mandados na casa do pai e de irmãos de Miranda.
O secretário de infraestrutura, Sérgio Leão, contra quem há
um mandado de prisão temporária, foi levado para sede da PF.
O ex-governador Siqueira Campos é alvo de um mandado de
condução coercitiva e está na sede da PF. A assessoria de comunicação de
Siqueira disse que ele está prestando um depoimento como testemunha em um outro
processo.
Ao todo estão sendo cumpridos 108 mandados em Palmas e
outras cidades.
São oito mandados de prisão temporária, 24 de condução
coercitiva e 76 de busca e apreensão nas cidades de Palmas e Araguaína (TO),
Goiânia (GO), Brasília (DF), Caraguatatuba (SP), e nos municípios de Canãa dos
Carajás, Redenção, Santa Maria, São Felix do Xingu, no Pará. Segundo a PF, os
mandados foram expedidos pelo STJ.
Seis dos oito mandados de prisão temporária já foram
cumpridos. A PF não divulgou os nomes de todos os presos, mas confirmou que o
irmão do governador, José Edimar de Brito Miranda Júnior, está entre os
detidos.
Esquema
A PF informou que a investigação apontou um esquema de
fraudes em contratos de licitações públicas com empresas de parentes e pessoas
de confiança do governador. A ocultação do dinheiro desviado seria feita por
meio de transações imobiliárias fraudulentas, contratos de gaveta e manobras
fiscais ilegais, como a compra de fazenda e de gado. A polícia informou ainda
que parte do valor foi destinado a formação de caixa dois para campanhas realizadas
no estado.
Algumas transações financeiras chamou a atenção dos
investigadores. A polícia informou que em um dos casos foi identificada um
contrato de compra de gado cujo volume não caberia na propriedade onde deveria
estar o rebanho. Essa técnica foi apelidada pelos investigadores como “Gados de
Papel”.
Segundo a polícia, em outro caso, "um contrato de
prestação de serviços entre o governo e uma empresa de transportes aéreos
alcançou valores tão exorbitantes que, sendo dimensionadas em horas de voo, obrigariam
os aviões a serem abastecidos no ar para que se pudesse suprir o valor integral
do contrato".
Os suspeitos devem responder pelos crimes de lavagem de
dinheiro, peculato, corrupção passiva e fraudes à licitação.
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