Cinco dias após sair da cadeia, o suplente de deputado
federal Osmar Bertoldi (DEM-PR) assumiu na terça-feira (1/11) a vaga deixada
pelo ministro da Saúde Ricardo Barros (PP) na Câmara. Bertoldi foi preso em
fevereiro deste ano após ser acusado de violentar a ex-noiva e depois
descumprir decisão judicial de permanecer afastado dela.
Ele foi solto no último dia 27 por falta de provas. O
deputado era acusado de estuprar a ex-noiva mais de uma vez, além de tê-la
mantido por cinco dias em cárcere privado. Ainda pesavam contra ele denúncias
de lesão corporal, injúria, constrangimento ilegal e ameaças por palavras.
Em setembro, Bertoldi já havia sido considerado inocente dos
crimes de violação de domicilio, coação durante o processo e desobediência da
decisão judicial. Apesar de ter sido inocentado em duas ações, Bertoldi é réu
confesso em outro processo por agredir a ex-noiva.
Como ele ficou preso oito meses preventivamente na cidade de
Pinhais, no Paraná, a Justiça do Estado considerou que ele já cumpriu a pena.
Segundo o advogado de defesa de Bertoldi, ele assumiu o crime porque "não
teve o ânimo de lesionar a ex-noiva e a agrediu em legítima defesa".
A ex-noiva de Bertoldi, Tatiana Bittencourt, publicou uma
nota no Facebook um dia após a soltura afirmando que vai recorrer da decisão.
Ela também vai pedir medidas protetivas para ela e também para os filhos.
Segundo Tatiana, a sentença que inocentou o agora deputado não nega que os
fatos ocorreram, apenas diz que não há provas suficientes para condená-lo, o
que considerou injusto.
Segundo Tatiana, a lei já estabelece que qualquer tipo de
relação forçada mediante violência e ameaça já pode ser considerada estupro.
"Infelizmente só é considerada vítima a mulher que apresenta severas
lesões, ou aquelas que acabam morrendo por esta covarde conduta violenta. Ainda
há uma cultura tolerante com essa violência se ela não for tão extrema",
declarou.
O advogado de Bertoldi, Claudio Dalledone, chamou Tatiana de
"criminosa". Ele acusa a ex-noiva do seu cliente de ter se baseado em
mentiras a fim de ascender politicamente e socialmente. "Ela (Tatiana) vai
ser processada por denunciação caluniosa e extorsão", afirmou Dalledone.
Mandado de segurança
Em maio, a defesa de Bertoldi entrou com um mandado de
segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) para que ele pudesse assumir o
cargo de deputado, mas não obteve êxito. A tese da defesa era de que não houve
uma agressão "exclusiva" dele, pois "ambos saíram
machucados". A ex-noiva de Bertoldi, Tatiana Bittencourt, contudo, disse à
Justiça na época ter sido "encarcerada, alvo de socos e chutes, chamada
dos piores termos imagináveis, sem acesso a ninguém, apenas pessoas da confiança
de Bertoldi que a vigiavam".
A denúncia
Tatiana denunciou Bertoldi ao Ministério Público do Paraná
no final do ano passado, que aceitou e encaminhou o processo ao Tribunal de
Justiça do Estado. Bertoldi foi preso pela Polícia Federal e pela Polícia
Militar de Santa Catarina em fevereiro, na cidade de Balneário Camboriú, depois
de ter sido considerado foragido e ter sido identificado por uma testemunha. A
prisão preventiva do ex-parlamentar foi decretada em janeiro porque ele teria
violado a Lei Maria da Penha ao tentar se aproximar de Tatiana.
Da Agência Estado, via Correio Braziliense
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