O ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB) teve
o bloqueio de seus bens determinados pelo Tribunal de Justiça do Estado. A decisão
do desembargador Jair Varão decorre da denúncia de improbidade administrativa
relacionada ao escândalo do Mensalão Mineiro. Em dezembro de 2015, Azeredo foi
condenado a 20 anos de prisão pelos crimes de peculato e lavagem de dinheiro
relacionados ao episódio, mas recorreu da sentença e aguarda em liberdade.
A decisão liminar é provisória e do dia 23 de novembro do
ano passado. O desembargador não deixou claro qual o montante a ser bloqueado.
A decisão ainda cabe recurso.
O bloqueio atendeu um recurso do Ministério Público de Minas
Gerais contra sentença de primeira instância do juiz da 5ª Vara da Fazenda
Pública e Autarquias, Adriano de Mesquita Carneiro, de agosto do ano passado.
O Ministério Público acusa o tucano de ter transferido cerca
de R$3,5 milhões (R$9,3 milhões em valores atualizados) de estatais – Copasa e
a antiga Comig, atual Codemig – para empresas SMP&B Publicidade e SMP&B
Comunicação, do publicitário Marcos Valério. A movimentação ocorreu visando a
campanha de reeleição de Azeredo em 1998 sem nenhuma licitação e nem
formalização de contrato administrativo.
Naquela ocasião, o juiz Adriano de Mesquita Carneiro
determinou que fossem bloqueados um total de R$ 25 milhões dos bens de outros
oito investigados pelo esquema, como o publicitário Marcos Valério e o
ex-vice-governador de Minas Gerais, Clésio Andrade (PMDB).
No momento, Azeredo foi excluído pelo magistrado por falta
de “justa causa”. O desembargador Jair Varão, porém, considerou que o
ex-governador era o maior beneficiário do esquema e não seria “crível que o
candidato à governadoria do Estado não estava a par da origem dos recursos
destinados à sua própria campanha eleitoral”.
Varão também afirmou que a decisão “visa a assegurar
eventual reparação ao erário, no caso de procedência da ação principal”.
O advogado do tucano, Castellar Guimarães Neto, afirmou não
haver indícios de irregularidades e que irá esperar a decisão do mérito, tomada
por no mínimo três desembargadores, e que está confiante com a retirada do
processo.
O Mensalão Mineiro
Também conhecido como Mensalão Tucano, o processo envolve um
esquema que beneficiaria a campanha de reeleição de Eduardo Azeredo ao governo
de Minas em 1998. O candidato do PSDB acabou perdendo o pleito para Itamar
Franco (PMDB).
A tramitação do processo no Supremo Tribunal Federal (STF)
começou em 2003, mas somente em 2009 a Procuradoria-Geral da República (PGR)
ofereceu denúncia contra o ex-governador de Minas Gerais por peculato e lavagem
de dinheiro. Na época, Eduardo Azeredo ocupava cargo de deputado federal e
decidiu renunciar em 2014. O STF entendeu que ele não tinha mais foro
privilegiado e decidiu encaminhar a ação à Justiça mineira.
O ex-governador de Minas Gerais é também um dos fundadores
do PSDB e ex-presidente nacional da legenda.
Via BHAZ, com Agência Brasil
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