quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

O PARADOXO PETISTA

Partido da presidente cassada Dilma Rousseff, o PT vai apoiar, nas disputas à presidência da Câmara e do Senado, candidatos que votaram a favor do impeachment da petista. Os deputados da bancada não assumem oficialmente, mas tendem a votar em Jovair Arantes (PTB-GO) para presidir a Câmara e em Eunício Oliveira (PMDB-CE) para comandar o Senado. O petebista foi o relator do processo na comissão especial criada no ano passado para analisar o pedido de impeachment e deu parecer favorável pela abertura de processo contra Dilma. Eunício também votou pela cassação dela.
Ao apoiar candidatos que até recentemente chamavam de “golpistas”, as bancadas do PT na Câmara, que 58 deputados no exercício do mandato, e no Senado, que soma dez parlamentares, o partido tenta viabilizar sua participação nas Mesas Diretoras.
Hoje o PT só tem um representante na Mesa do Senado, cargo ocupado há dois anos por Jorge Viana (AC). Na Câmara não ocupa qualquer posto de direção desde que optou pelo lançamento da candidatura de Arlindo Chinaglia (SP), em fevereiro de 2015, e perdeu a eleição para Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Com a derrota, fa bancada ficou isolada e não pode reivindicar a distribuição das funções seguindo o critério da proporcionalidade do tamanho das bancadas.
Se apoiar Jovair na Câmara, a bancada petista será a terceira a escolher o cargo que pretende disputar e oferecer um nome. A ocupação dessa vaga, porém, não está garantida. O candidato indicado pelo partido terá de fazer campanha entre os colegas. Se perder, ficará novamente de fora da Mesa Diretora. Por ser a segunda bancada no Senado, o PT vai tentar eleger novamente um representante para o mesmo posto de hoje, a primeira vice-presidência. Se for derrotado na disputa, ficará fora da Mesa Diretora, mesmo tendo apoiado Eunício Oliveira.
A opção dos petistas por Jovair na Câmara tem explicação. Apesar de ser da base de apoio parlamentar do governo, o petebista deu sinais de restrições à proposta de reforma da Previdência e não quer acelerar a discussão sobre outras duas reformas, a trabalhista e a tributária. A estreita ligação do atual presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) com Michel Temer e a disposição do deputado de acelerar as votações das reformas deixa o PT sem alternativa.
Se aderir às candidaturas de André Figueiredo (PDT-CE) ou de Rogério Rosso (PSD-DF), os petistas correm risco elevado de ficar novamente fora da Mesa Diretora, já que os dois são menos cotados para vencer a disputa. “Para nós, a opção Jovair é a melhor porque ele não é o candidato do governo”, disse um deputado petista que prefere o anonimato. No caso do Senado, o PT não quer ficar fora da direção da Casa e a banca tem boa relação com Eunício Oliveira.
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