A postagem de apoio que o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso publicou em sua rede social, contra à cassação do mandato do deputado
federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), é um balde de água fria na esquerda raivosa. E deixa a
direita subindo nas tamancas.
Abaixo, o post que o ex-presidente FHC publicou em uma sua
rede social
Fernando Henrique Cardoso
Minha formação democrática e republicana levou-me a ser
cuidadoso com quaisquer restrições a direitos, à liberdade e às decisões
populares. Mesmo recentemente, quando se discutiu um impeachment, fui
restritivo até ver que as condições legais e a vontade popular levavam a ele. O
mesmo fiz quando se cogitou de impeachment no mandato do presidente anterior, a
que me opus. Havendo sido testemunha, décadas atrás, das violências que foram
praticadas contra parlamentares eleitos pela legenda do PCB, toda vez que surge
uma proposta de fazer cessar o exercício de mandatos populares, sou restritivo
e trato de me opor.
Recordo que no exercício da Presidência da República houve
um deputado que, da tribuna, propôs meu fuzilamento, por discordar de decisões
minhas e de minha orientação política. Jamais incentivei qualquer tentativa de
restringir sua ação ou cassar seu mandato, nem mesmo tomei qualquer providência
jurídica eventualmente cabível.
Com idêntica motivação me oponho a que se procure cassar o
mandato do deputado Jean Wyllys, que não é de meu partido e que em seu blog faz
críticas ocasionais a mim que considero injustas.
Uma coisa nada tem a ver com a outra. A opinião em uma
democracia deve ser livre, mesmo quando os fundamentos para ela possam parecer
equivocados na visão de outrem. No caso do deputado em questão, trata-se de
figura pública que assume posições desassombradas, sobretudo no âmbito
cultural-moral, firme atuação nas questões ligadas à população LGBT e defende
com ardor posições minoritárias.
Eventuais excessos verbais ou gestuais cometidos - se é que
existiram – devem ser resolvidos no âmbito parlamentar, com a supressão de referências
a eles nos Anais da Câmara, nunca, porém apelando-se à violência da cassação ou
suspensão de mandatos.
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