Da EFE
Moscou – O presidente da Rússia, Vladimir Putin, promulgou nesta terça-feira uma lei que despenaliza a violência doméstica, sempre que o agressor não seja reincidente dentro do prazo de um ano, um projeto que foi muito criticado por ativistas de direitos humanos.
Moscou – O presidente da Rússia, Vladimir Putin, promulgou nesta terça-feira uma lei que despenaliza a violência doméstica, sempre que o agressor não seja reincidente dentro do prazo de um ano, um projeto que foi muito criticado por ativistas de direitos humanos.
Segundo a nova lei, as agressões que causam dor física, mas
não lesões, e deixam hematomas, arranhões e ferimentos superficiais na vítima
não serão consideradas um crime, mas uma falta administrativa.
Só quando a pessoa voltar a agredir o mesmo familiar no
prazo de um ano poderá ser processado pela via penal e punido com prisão,
sempre e quando o agredido conseguir comprovar os fatos, porque a Justiça não
atuará de ofício nesses casos.
De acordo com os especialistas em violência de gênero, 90%
dos denunciantes na Rússia não comparecem aos tribunais porque o procedimento é
muito embaraçoso.
Os autores da iniciativa – duas deputadas e duas senadoras
do partido Rússia Unida, ao qual pertence o presidente Putin – argumentam que
apenas querem descriminalizar as agressões que não causam dano à saúde das
vítimas.
“A descarada ingerência na família” por parte da Justiça “é
intolerável”, disse Putin no final de 2016, em sua entrevista coletiva anual,
ao responder a uma ativista que lhe perguntou sobre a conveniência de acabar
com uma lei que permite “encarcerar um pai por alguns tapas que a criança tenha
merecido”
Diante das fortes críticas que a lei despertou na Rússia e
no exterior, o Kremlin afirmou que as pessoas não devem confundir conflitos
familiares com violência doméstica.
“É preciso diferenciar claramente as relações familiares dos
casos de reincidência. Se você ler o projeto de lei, se dará conta que os casos
de reincidência acarretam sim em responsabilidade” penal, disse Dmitri Peskov,
o porta-voz do Kremlin.
O presidente da Duma, Viacheslav Volodin, considerou
inaceitáveis as pressões por parte do Conselho da Europa, que se dirigiu por
escrito a ambas as câmaras do parlamento russo para expressar sua preocupação.
Os defensores da lei consideram que o processo
administrativo acelera os trâmites na hora de realizar uma denúncia e, ao mesmo
tempo, não impede o agressor de tentar reconstruir sua vida, já que a lei não o
desabilita para exercer qualquer profissão.
Além disso, em caso de reincidência no âmbito familiar, o
agressor não ficará livre de uma punição criminal, independentemente das
circunstâncias da agressão.
De acordo com as pesquisas, quase 60% dos russos apoiam uma
redução da punição para conflitos menores no âmbito familiar.
Entre 12 e 14 mil mulheres morrem todos os anos agredidas
por seus companheiros na Rússia, segundo dados divulgados pelo Ministério do
Interior do país em 2008, enquanto outras fontes falam que uma mulher morre a
cada 40 minutos vítima da violência de gênero no país.
Da EFE, via Exame
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